No caminho, Ronaldo me fez contar tudo.
Não houve rodeios, nem espaço para omissões. Ele queria saber cada detalhe — sobre minha vida com João, sobre os bastidores da nossa relação, os segredos, as brechas, qualquer fragmento de informação que pudesse ser usado contra o grupo JS.
E eu contei.
Tudo.
Foi como arrancar pedaços de mim. Palavras que eu jamais pensei que teria coragem de dizer em voz alta foram se empilhando no ar do carro. Com cada revelação, senti o peso de anos se desprendendo das minhas costas — ao mesmo tempo em que uma nova carga, mais densa, se instalava no peito.
Quando terminei, o silêncio se fez. E o peso da confissão parecia ter drenado todas as minhas forças. Me recostei no banco, exausta, como se tivesse corrido uma maratona emocional.
Ele estacionou o carro e me encarou.
Seu olhar era curioso, sim, mas havia algo mais. Uma firmeza silenciosa. Uma segurança desconcertante. Como se ele já soubesse o que fazer com cada palavra que eu havia despejado.
— Int