Tive uma imensa vontade de dar meia volta e dirigir para bem longe, em um lugar onde Ramon não pudesse me encontrar. Massageei as têmporas, olhei para o lugar onde eu havia passado minutos antes e voltei. Enchi os pulmões de ar antes de segurar a maçaneta e entrar no meu escritório.
O cheiro do charuto embrulhou meu estômago. Eu havia alertado o meu pai que fumar no meu escritório ou em qualquer ambiente da minha casa estava estritamente proibido, mas ele fazia o que queria, não importasse quem ele incomodasse.
Eu me apressei para abrir a janela porque o ar estava sufocante. Eu não aguentaria ficar ali nem por um minuto. Ele me olhou entre a fumaça com os olhos semiabertos, deu mais um trago no seu charuto, soltou o ar pelas narinas e finalmente me disse:
— Quando pretende voltar a trabalhar? – ele largou o charuto de lado e terminou de tomar sua bebida. Meu pai fazia isso somente para mostrar autoridade, mas eu já o conhecia e isso não causava mais efeito em mim.
— O senhor acom