Após a trágica perda dos pais, Lana Martins se vê obrigada a assumir a responsabilidade pela irmã de apenas 5 anos. Para garantir a custódia da menina, ela é forçada a tomar decisões difíceis, aceitando trabalhos arriscados, como o de acompanhante, e um contrato inesperado: fingir ser a noiva de Daniel Navarro, um completo desconhecido. Daniel, por sua vez, enfrenta um dilema pessoal. Sua namorada de longa data termina o relacionamento a poucos dias do casamento de seu irmão, onde ela também estará presente. Para evitar um confronto constrangedor e manter as aparências, ele propõe a Lana que finja ser sua noiva. No meio de segredos e situações inusitadas, será que Lana e Daniel descobrirão o amor verdadeiro onde menos esperam? Uma história envolvente sobre sacrifício, encontros inesperados e a busca por um lar. --------- Copyright © 2024 - G.S Oliveira Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou quaisquer sistemas de armazenamento e recuperação de informação, sem permissão por escrita da autora 😉 ISBN nº 978-65-01-23795-4
Leer másLANA MARTINS
Encaro o nascer do sol pela pequena janela da minha sala, o céu tingido de tons alaranjados e rosados. Cada amanhecer me traz um misto de esperança e inquietação, porque, a cada dia, meu caminho parece mais distante do que eu sempre sonhei. Esse pequeno apartamento, que um dia representou o começo da minha independência, agora é só uma lembrança amarga do que a vida poderia ter sido.
A campainha toca de repente, e o som estridente ecoa pelo apartamento, me fazendo parar no meio da sala, com os olhos fixos na porta. Ainda é cedo, e eu não estou esperando visitas. Olho para Ana, que brinca no chão com uma boneca de cabelos encaracolados, tão absorta na brincadeira que mal nota o barulho. Respiro fundo e abro a porta.
Do outro lado, está uma mulher baixa, de óculos retangulares e um olhar frio, segurando uma pasta de documentos firmemente contra o peito. O coque impecável e o terno cinza-escuro a tornam ainda mais severa. Ela me observa como se já soubesse exatamente o que vai dizer.
— Lana Martins? — pergunta a mulher, sem nenhuma dúvida sobre quem eu sou.
— Sou eu, sim. — Assinto, tentando disfarçar a tensão na minha voz.
— Sou Vera Santos, assistente social. Estou aqui para falar sobre sua situação e a da sua irmã, Ana. Podemos conversar?
A assistente social entra antes mesmo que eu a convide, e seus olhos logo pousam em Ana, que continua entretida no chão, alheia ao que está acontecendo. Fecho a porta e observo Vera, que agora avalia o pequeno e modesto apartamento. Seu olhar frio para em Ana por mais um instante antes de voltar para mim.
— Recebemos uma denúncia anônima, senhorita Martins. Fomos informados de que você tem deixado sua irmã sozinha em casa enquanto vai ao trabalho. Isso é verdade?
Meu rosto esquenta, e a culpa me invade. Sei que não é a situação ideal, mas o salário de garçonete não cobre os custos de uma babá, e eu não tenho ninguém a quem pedir ajuda. Lidar com isso sozinha é a única opção que me resta, mesmo que isso signifique deixar Ana em casa por algumas horas.
— Eu... Eu não tive escolha — respondo, a voz trêmula. — Trabalho o dia todo, e o salário mal cobre as contas e as despesas da Ana.
Vera não parece se comover. Apenas tira um papel da pasta e me entrega.
— Esta é uma intimação formal. Se acontecer mais uma vez de você deixar Ana sozinha, o conselho tutelar tomará medidas. Vamos considerar isso um aviso, mas não haverá uma segunda chance. A guarda de Ana será suspensa caso você não consiga manter um ambiente seguro para ela.
Sinto um aperto no peito. Só de pensar na possibilidade de perder Ana, o coração aperta. Ela é a última coisa que restou da nossa família, minha irmãzinha que precisa de mim. Não posso deixar que nos separem.
— Eu entendo, senhora Vera — sussurro, quase sem voz, mas suficiente para que a assistente social confirme com um aceno.
— Espero que tome as providências necessárias, senhorita Martins. Ana é uma criança e precisa de alguém que possa cuidar dela de forma segura e adequada.
As palavras dela são um soco no estômago. A situação fica clara: não basta apenas trabalhar e tentar manter Ana em casa. É preciso muito mais do que eu posso proporcionar no momento.
Assim que Vera sai, desabo no sofá. Ana me olha, com seus olhos grandes e castanhos, cheios de inocência, sem entender o que acabou de acontecer. Eu a abraço e sinto uma pontada de culpa e desespero.
Naquela noite, mal consigo dormir, pensando em uma solução. Sei que não posso garantir a segurança de Ana sem encontrar uma maneira de aumentar a renda. E meu emprego atual não permite isso. Na manhã seguinte, tomo uma decisão difícil: vou até o restaurante onde trabalho como garçonete e entrego minha demissão.
— Tem certeza disso, Lana? — Meu chefe me olha surpreso, com uma expressão que mistura pena e compreensão, sabendo o quanto eu preciso desse emprego.
— Tenho — respondo, tentando manter a cabeça erguida. Mas sei que estou abrindo mão do pouco que ainda me mantinha segura.
De volta ao apartamento, o silêncio é opressor. Eu encaro as paredes vazias, sentindo o peso do que vem pela frente. Logo em seguida, tomo a segunda decisão difícil: começo a procurar alternativas que me permitam aumentar minha renda e garantir uma vida melhor para mim e para Ana. Em meio a essas buscas, ouço falar da VIPSecret, uma agência de acompanhantes. Hesito de imediato. Nunca pensei que cogitaria algo assim. Mas a cada noite insone, a ideia parece menos distante. Afinal, minhas opções são poucas e a necessidade é urgente.
Após uma conversa franca com Sarah, a dona do local, começo a enxergar as coisas de forma mais prática. Ela explica que posso estabelecer minhas próprias condições e horários, e que o trabalho pode se limitar a um acompanhamento elegante e discreto para eventos.
Então, tomo uma terceira decisão, talvez a mais dolorosa de todas: colocar Ana em um internato. Converso com a direção do colégio, explico a situação, e, para minha surpresa, eles encontram uma vaga para ela. O custo é alto, mas vejo isso como a melhor solução para garantir sua segurança enquanto tento reorganizar nossa vida.
No dia seguinte, arrumo as malas de Ana. Pegamos o ônibus em direção ao internato, e durante o caminho, ela começa a fazer perguntas que me deixam sem palavras. Quando se dá conta do que está prestes a acontecer, ela chora descontroladamente, atraindo olhares de todos no ônibus. Consigo acalmá-la, dizendo que é temporário e que logo estaremos juntas.
Ao chegarmos ao local, apresento a ela o novo quarto e as acomodações, tentando esconder minha própria tristeza.
— Quando você volta, mana? — pergunta Ana, com a doçura inocente que só ela tem.
— Logo, meu amor. E vou te visitar o máximo que puder, prometo — respondo, com a voz trêmula.
A imagem de Ana me olhando com lágrimas nos olhos fica comigo por dias. O apartamento parece mais vazio e silencioso do que nunca. A falta dela é insuportável, mas preciso acreditar que estou fazendo o certo. Aos poucos, me adapto à nova rotina. Aceito os trabalhos pela VIPSecret e faço uma promessa silenciosa a mim mesma: por mais difícil que seja, vou lutar para que Ana tenha o futuro que merece. Não vou descansar até que possamos, finalmente, ser uma família unida novamente.
LANA MARTINSCinco anos se passaram, e é quase inacreditável ver o quanto tudo mudou. Ana, agora com 12 anos, parece tão diferente daquela garotinha travessa de antes. Ela e Nina, com seus cinco anos, se tornaram as melhores amigas, inseparáveis. Ver as duas juntas — Ana sempre a tia protetora e Nina, com sua energia contagiante — me enche de alegria como mãe e irmã. A convivência entre elas é um presente diário, e a cada dia essa relação cresce de um jeito lindo.E quanto a mim? A cada dia ao lado de Daniel, sinto que a felicidade se multiplica. Estou grávida novamente, esperando nosso segundo filho, um menino, e a ideia de ser mãe outra vez me traz uma sensação de plenitude que quase não consigo descrever. O tempo voou, mas trouxe tudo o que eu sempre sonhei: uma famíli
LANA MARTINSO dia do casamento chega com uma ansiedade quase sufocante. Minhas mãos estão geladas, o coração acelerado, mas o sorriso não sai do rosto. Clara está ao meu lado, ajustando o véu, enquanto Ana, em seu vestido de dama de honra, não consegue parar quieta, cheia de energia.— Você está linda, Lana! — Diz Clara, dando um passo atrás para me observar. — Nunca te vi tão radiante.— Eu... nem sei o que dizer, Clara. — Sorrio timidamente, tentando controlar o nervosismo. — Tudo aconteceu tão rápido. Parece que ontem eu estava no hospital, sem saber se conseguiria viver para ver esse dia.Ela me olha com ternura e toca meu rosto. DANIEL NAVARROO dia em que Lana acordou mudou tudo. Quando ela abriu os olhos, senti como se o mundo tivesse ganhado uma segunda chance, uma nova energia, e nós também. Não só como casal, mas como uma família. O alívio de vê-la ali, de volta, é como um peso saindo dos meus ombros. Mas há algo que ainda me consome: eu quero pedir Lana em casamento. Depois de tudo o que ela lutou, depois de tudo o que enfrentamos juntos, sei que é a hora certa. Estou pronto.Antes mesmo dela voltar para casa, começo a planejar. A primeira pessoa em quem penso para ajudar é Lucas. Ele entende a urgência e a emoção que eu sinto. Quando conto meu plano, ele me lança aquele sorriso debochado, o mesmo de sempre.— Você e seus planos, irmão. — Zomba, mas vejo em seu olhar que ele está torcendo por mim.No dia em queCapítulo 30: Um Passo de Cada Vez
LANA MARTINSEstou em um espaço estranho, envolta em uma mistura de escuridão e luz, como se estivesse flutuando entre dois mundos. Fragmentos de vozes ecoam ao meu redor, mas parecem tão distantes, como se o mundo inteiro estivesse a milhas de distância. O peso no meu peito se dissipou, mas uma dor surda ainda persiste — algo que não consigo identificar completamente. Minha mente se perde entre realidade e desconhecido, sem noção exata de onde estou ou do que está acontecendo.Quando finalmente desperto completamente, a confusão me invade. Estou num hospital; os monitores emitem sons metálicos ao meu redor, e a dor, agora mais real, parece fazer parte de mim. Algo mudou, mas o medo ainda me consome. Onde está Daniel? E minha filha?O tempo parece congelado
LANA MARTINSMeus dias na casa de Daniel começam a ganhar um ritmo próprio. Entre consultas médicas, repouso e os preparativos para a chegada de Nina, cada dia segue um padrão familiar, mas eu sinto que algo está mudando. É uma sensação boa, como se, finalmente, eu estivesse me preparando para algo maior do que imaginava.Certa manhã, a arquiteta chega com amostras de cores e tecidos para o quarto da bebê. Daniel a acompanha enquanto ela me mostra as opções, seus olhos atentos a cada detalhe, como se tudo fosse essencial. Tento disfarçar, mas não consigo evitar a emoção. Ver tudo tomando forma é um sinal claro de que uma nova fase está prestes a começar.— O que acha dessa cor? — A arquiteta perg
DANIEL NAVARRONa manhã seguinte, ainda sentindo o impacto da noite na biblioteca, dirijo-me à casa de Lana com uma sensação de renovação. Chegando lá, encontro-a penteando o cabelo de Ana, e a imagem mexe comigo de uma forma inesperada. Não posso evitar imaginar como ela seria uma mãe incrível.Lana me oferece um café, e aceito, aproveitando a desculpa para prolongar o tempo com ela. Enquanto ela prepara a bebida, uma pergunta me escapa, como se já estivesse ali há tempos, esperando para ser dita.— Então... estamos namorando? — Eento soar casual, meio brincalhão, embora a expectativa me traia um pouco.Ela dá uma risadinha, mas desvia o olhar, mostrando uma hesita&cced
Último capítulo