72. O que fomos e o que seremos
Saímos da livraria lado a lado, e por um instante o mundo pareceu desacelerar. As luzes amareladas da rua refletiam sobre o rosto de Kairos, e havia algo de sereno em sua expressão, algo que fazia meu coração estremecer, ainda que eu tentasse disfarçar. Ele caminhava com as mãos nos bolsos, o olhar fixo à frente, e quando se virou para mim, disse em voz baixa, quase num sussurro:
— Eu quero ficar mais tempo com você.
Desviei o olhar, fingindo não perceber o tom suplicante em sua voz.
— Eu também gostaria, mas preciso ir para casa. Tenho algumas coisas para resolver — respondi com firmeza, tentando preservar uma distância que, na prática, eu já não conseguia manter.
Ele deu um meio sorriso e assentiu levemente, depois completou:
— Então eu vou com você.
Por um instante hesitei, mas a parte que o amava — e que insistia em acreditar que ele estava mudando — falou mais alto.
— Tudo bem — murmurei.
Seguimos até o estacionamento. Ele destravou o carro dele e eu fiz o mesmo. No mo