60. Na Linha do Proibido
O ar da noite estava frio, mas meu corpo queimava. Os dedos de Kairos ainda repousavam firmes em minha cintura, como se ele tivesse medo de me soltar. A intensidade em seus olhos era tão avassaladora que por um instante senti que todo o resto — a música ao fundo, as vozes distantes do salão, até mesmo minha raiva dele — havia se dissolvido no nada.
Eu respirei fundo, tentando encontrar alguma força.
— Kairos… não — sussurrei, mais para mim mesma do que para ele.
Ele inclinou a cabeça, como se estivesse me estudando, e os lábios se curvaram em um sorriso contido, quase irônico.
— Não? —sua voz era baixa, mas carregada de firmeza.
Engoli em seco. Eu queria. Deus, como eu queria beija-lo. Mas ao mesmo tempo havia uma parte de mim que temia esse querer. Porque cada vez que eu me aproximava demais dele, sentia que estava perdendo algo de mim mesma.
— Você não entende — murmurei, tentando me afastar, mas ele não deixou.
Kairos aproximou ainda mais o corpo do meu, e o calor que emana