59. Vermelho seda
Quando deixei o escritório de Kairos as palavras dele ainda ecoavam dentro de mim como uma batida surda. Eu tentava me convencer de que estava tudo bem, que eu estava no meu direito de ficar brava, mas no fundo havia uma sensação de impotência que me corroía. Por mais que eu me esforçasse, não conseguia tirar da cabeça a forma como ele simplesmente decidiu as coisas por mim. Como se meu silêncio fosse uma autorização.
Eu sempre acreditei que as escolhas da minha vida deveriam ser minhas, mesmo que fossem escolhas erradas. Kairos, por outro lado, parecia acreditar que podia assumir esse papel de protetor absoluto, como se ele fosse capaz de me blindar de tudo. E aquilo me sufocava.
No almoço, o celular apitou mostrando uma mensagem de Kairos. “Almoce comigo hoje.” Só isso. Simples, sem explicações, como se fosse uma ordem velada. Eu poderia ignorar, mas parte de mim sabia que fugir só prolongaria a tensão. Digitei “Ok” e deixei o aparelho sobre a mesa.
O restaurante escolhido era