6. As faces de Kairos
O som suave do despertador me arrancou de um sono agitado. Abri os olhos devagar, ainda mergulhada em lembranças desconexas da noite anterior. A imagem de Kairos, com os cabelos molhados e a camiseta preta, surgia nítida em minha mente, assim como a intensidade do olhar que ele havia lançado sobre mim. Reviver aquele instante me fez sentir novamente o arrepio que percorreu minha pele, e precisei respirar fundo para me lembrar de que eu não estava ali para me perder em devaneios. Eu tinha trabalho a cumprir, compromissos inadiáveis e uma reputação a zelar.
Levantei-me e segui para o banho, permitindo que a água quente escorresse sobre meu corpo e me devolvesse a sensação de controle. Escolhi com cuidado a roupa do dia: uma saia lápis preta, uma camisa branca impecável e um blazer estruturado que transmitia firmeza. Calcei meus scarpins e finalizei com um perfume discreto, mas marcante. Diante do espelho, pratiquei mentalmente a postura que precisaria adotar durante as reuniões — firm