O vento carregava um frescor salgado, cortando o silêncio confortável que se instalara entre nós. As luzes da cidade ainda cintilavam ao fundo, mas a noite já se fechava em um manto mais escuro, tornando o ambiente mais íntimo, quase secreto. Kairos permanecia ao meu lado, as mãos apoiadas no corrimão, e eu me perguntava se ele realmente estava absorvendo a vista ou se apenas aguardava o momento certo para revelar algo.

— Gosta de ficar em silêncio comigo? — perguntei, quebrando a pausa que já durava alguns minutos.

Ele virou o rosto lentamente em minha direção, e a intensidade de seu olhar fez meu estômago revirar. Havia algo nele que sempre parecia estar em movimento, mesmo quando seu corpo se mantinha imóvel.

— O silêncio é subestimado. — disse, com a voz grave, controlada. — Poucas pessoas conseguem suportá-lo. Mas você… — aproximou-se um pouco mais, o ombro quase encostando ao meu — não parece ter medo dele.

Sorri, nervosa, passando a ponta dos dedos pela borda metálica d