13. O passado
O silêncio tomou conta do meu apartamento quando a porta se fechou atrás de mim. A cidade lá fora não parava — buzinas, passos apressados, sirenes cortando a noite — mas dentro daquele espaço pequeno, tudo parecia suspenso. Encostei as costas na porta, fechando os olhos por alguns segundos como se, ao mantê-los assim, pudesse deter a avalanche de memórias que Noah havia despertado.
Mas não adiantava.
A imagem dele parado na calçada, os olhos fixos em mim como se nada tivesse mudado, ainda queimava na minha mente. O sorriso dele não era de reencontro, era de posse. Aquele mesmo sorriso que tantas vezes me sufocou quando ele acreditava que tinha controle absoluto sobre mim.
Respirei fundo, tentando me recompor. Eu não podia deixar que aquilo me paralisasse. Não agora. Não depois de tudo.
Deixei a mala no canto da sala e caminhei até a janela. Nova Iorque se estendia diante de mim, vibrante e implacável. As luzes dos prédios brilhavam como estrelas aprisionadas em concreto e aço. Apo