**Sinopse** Selene é uma restauradora de arte que nunca acreditou no sobrenatural. Quando aceita restaurar um antigo retrato na enigmática Mansão Draven, ela mergulha em um mundo de sombras e mistérios. O retrato pertence a Damian Draven, um homem sedutor e perigoso, cuja alma, aprisionada na pintura, clama por libertação. Enquanto tenta desvendar os segredos por trás da obra e da própria mansão, Selene descobre que sua ligação com Damian vai além do acaso. Ele não apenas a observa, mas a seduz, oferecendo poder, paixão e verdades que podem mudar sua vida para sempre. Dividida entre o fascínio e o medo, Selene precisará decidir se cederá ao chamado de Damian, mesmo sabendo que isso pode destruir não apenas sua sanidade, mas também sua alma. Um romance sombrio e intenso, onde amor e perdição caminham lado a lado.
Leer másO cheiro de tinta e verniz impregnava o ar, misturando-se ao som suave das cerdas de um pincel deslizando sobre a tela. Selene inclinava-se sobre sua última peça, uma paisagem bucólica do século XIX, enquanto ajustava os detalhes de uma árvore. A perfeição em cada folha era mais do que um reflexo de seu talento; era a sua obsessão. Arte era o único lugar onde ela se sentia verdadeiramente viva.
O mundo real, com suas expectativas sufocantes e compromissos vazios, parecia distante quando estava em seu estúdio. Ali, entre os quadros antigos e o brilho fraco de lâmpadas amareladas, ela se refugiava. Até que o telefone tocou, interrompendo sua concentração. — Selene Grey, restauradora — atendeu, a voz prática, porém carregada de cansaço. Do outro lado, uma voz grave e pausada respondeu. — Senhorita Grey, meu nome é Lucien Draven. Tenho um trabalho que pode lhe interessar. Selene apertou os olhos. Ela já havia lidado com todos os tipos de colecionadores: desde os excêntricos obcecados por autenticidade até os magnatas dispostos a pagar fortunas por uma assinatura famosa. Mas havia algo naquela voz que a deixou inquieta. — Qual o tipo de peça? — perguntou, tentando soar indiferente. — Um retrato. Século XVII. Está em péssimo estado, mas único. A palavra "único" fez seu coração saltar. Restaurar algo raro era como trazer a história de volta à vida, resgatar uma memória há muito perdida. — Onde está a peça? — Em minha propriedade, na vila de Blackthorn. É um pouco afastada, mas posso enviar um carro para buscá-la. A menção de Blackthorn trouxe memórias vagas de histórias que ouvira na infância: uma vila isolada, envolta em mistérios e lendas sombrias. Apesar disso, o tom confiante de Lucien a desafiava. — Eu precisaria avaliar a obra antes de aceitar o trabalho. — Claro, senhorita Grey. Aguardarei sua chegada amanhã ao entardecer. Antes que pudesse protestar, a linha foi encerrada. Selene ficou parada, o telefone ainda em sua mão, olhando para o vazio. Algo naquela conversa a incomodava, mas a promessa de um retrato do século XVII era irresistível. No dia seguinte, o carro preto enviado por Lucien parou em frente ao seu estúdio. O motorista, um homem de rosto inexpressivo e vestes impecáveis, abriu a porta para ela sem dizer uma palavra. A viagem foi longa e sinuosa. A estrada parecia se perder em florestas densas, cujas árvores se curvavam sobre o caminho como sentinelas ancestrais. Enquanto o crepúsculo avançava, Selene sentiu uma inquietação crescente. A paisagem parecia se transformar em algo saído de um pesadelo barroco. Quando finalmente chegaram à mansão, Selene prendeu a respiração. A construção era imensa, de pedra escura, com torres góticas que rasgavam o céu avermelhado. A casa parecia viva, uma presença pesada que a observava enquanto ela subia os degraus da entrada. Lucien a aguardava no salão principal. Ele era alto, com cabelos escuros que caíam em ondas sutis, vestindo um terno impecável que parecia pertencer a outra era. Mas eram seus olhos que chamavam atenção: um azul profundo, quase sobrenatural. — Seja bem-vinda, senhorita Grey. Espero que tenha tido uma viagem confortável. Selene hesitou, sentindo que aquelas palavras eram apenas uma formalidade vazia. — Obrigada. Gostaria de ver o retrato. Lucien sorriu, um gesto que parecia quase predatório. — Claro. Venha comigo. Ele a guiou por corredores mal iluminados, repletos de móveis antigos e tapetes que abafavam seus passos. Cada canto parecia esconder algo, como se sombras tivessem vida própria. Ao entrar no estúdio onde o retrato estava guardado, Selene prendeu a respiração. A pintura estava coberta por um tecido pesado, mas mesmo assim, algo na atmosfera do quarto parecia vibrar. Lucien puxou o pano, revelando o retrato. Era um homem jovem, vestindo roupas típicas do século XVII. Seus cabelos eram tão negros quanto a noite, e seus olhos... aqueles olhos. Selene nunca tinha visto algo assim em uma pintura. Eles pareciam vivos, quase acusadores. Ela sentiu como se o retrato estivesse olhando diretamente para sua alma. — Ele é impressionante, não acha? — Lucien perguntou, com a voz baixa, quase um sussurro. — Quem é ele? — Selene balbuciou, incapaz de desviar o olhar. — Um ancestral meu, Damian Draven. A história de sua vida foi... turbulenta, para dizer o mínimo. Selene sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O retrato estava danificado: manchas escuras cobriam partes do rosto, e a moldura dourada estava corroída pelo tempo. Ainda assim, a intensidade da obra era inegável. — Ele precisa de muito trabalho, mas posso restaurá-lo. Vai levar semanas. Lucien inclinou a cabeça. — Eu não tenho pressa, senhorita Grey. Este retrato esteve aguardando o momento certo por séculos. A forma como ele disse aquelas palavras fez Selene se sentir como uma peça em um jogo que ela não entendia. — Então eu aceito. Vou começar amanhã de manhã. Lucien sorriu, mas algo em sua expressão parecia escondido, como se soubesse algo que ela ainda não sabia. Quando Selene foi conduzida ao quarto onde passaria a noite, ela teve a sensação de que estava cruzando um limite invisível. Ao fechar a porta, olhou para o espelho antigo no canto do quarto e, por um breve momento, pensou ter visto o reflexo do retrato ali. Apagou a luz, mas não conseguiu dormir. O rosto de Damian Draven, com seus olhos penetrantes, estava gravado em sua mente. E, mesmo que ela não soubesse explicar por quê, sentia que, ao aceitar aquele trabalho, havia aberto uma porta que talvez nunca pudesse fechar novamente.A luz da manhã mal havia tocado a mansão quando Selene desceu para a biblioteca. A noite fora longa, e o peso das revelações ainda pairava sobre ela. O diário de Lilith estava em suas mãos, as páginas desbotadas marcadas por palavras que prometiam tanto esperança quanto condenação.Lucien já estava lá, cercado por pilhas de livros antigos e símbolos desenhados à mão em folhas espalhadas pela mesa. Ele parecia exausto, mas determinado.— Encontrou algo? — Selene perguntou, sua voz baixa no silêncio cavernoso do lugar.Ele levantou o olhar, passando a mão pelos cabelos desgrenhados.— Confirmei o que o diário disse. O ritual pode prendê-lo novamente, mas há complicações.— Claro que há — murmurou ela, sentando-se ao lado dele.Lucien pegou uma das páginas amareladas e colocou-a diante dela.— O ritual exige duas coisas essenciais. Primeiro, a conexão de sangue. Como descendente de Lilith, você é a única capaz de canalizar o poder necessário para trancá-lo de volta.Selene sentiu um frio
O silêncio da madrugada era denso, carregado de promessas sombrias e segredos por revelar. Selene estava sentada no parapeito da janela de seu quarto, olhando para o jardim da mansão. Os acontecimentos das últimas horas rodopiavam em sua mente, como um redemoinho impossível de ignorar.Damian. Lucien. Ela mesma.Era como se todas as peças de sua vida tivessem sido rearranjadas sem seu consentimento, formando um quebra-cabeça que ela não sabia como montar. O que era ela, afinal? Uma marionete de Damian? Uma vítima? Ou algo mais?Lucien bateu levemente na porta antes de entrar, sem esperar por uma resposta. Ele carregava um pequeno baú de madeira, suas feições sérias.— Não consegui dormir — disse ele, como se justificasse sua presença.Selene olhou para ele, exausta.— Eu também não.Lucien colocou o baú sobre a mesa e se aproximou dela, puxando uma cadeira.— Chegou a hora de você saber mais, Selene. Sobre Damian, sobre mim... e sobre você.Ela ergueu as sobrancelhas, cruzando os braç
A mansão Draven parecia ainda mais silenciosa na manhã seguinte, mas o silêncio era uma armadilha. Selene sentia como se o lugar estivesse segurando a respiração, esperando que ela agisse. A voz de Damian ainda ecoava em sua mente, suas palavras tingidas de sedução e ameaça: "Você não pode fugir de mim."Selene estava na cozinha, tentando comer algo, mas o simples ato parecia inútil. Seu apetite havia desaparecido, substituído por uma inquietação que crescia a cada minuto. Lucien entrou no cômodo, trazendo consigo a mesma tensão que havia pairado entre eles desde a noite anterior.— Não vai dizer nada? — ela perguntou, olhando para ele.Lucien hesitou, os olhos carregados de preocupação.— Não sei mais o que dizer, Selene. Parece que cada vez que tento te proteger, você se aproxima mais dele.— Não é como se eu tivesse escolha! — explodiu ela. — Você acha que eu quero isso? Ele está dentro da minha mente, Lucien! Ele me puxa como... como se eu fosse uma peça em um jogo que nem sei com
A tensão na mansão Draven pairava como uma tempestade iminente. Depois do confronto no estúdio, Selene tentou se afastar, mas a presença de Damian parecia impregnar cada canto da casa e, pior, sua mente.Naquela manhã, sentada no jardim, Selene sentiu o sol tocando sua pele como um conforto distante. A mansão estava em silêncio, mas o silêncio era enganador. Lucien mal falava com ela desde a noite anterior, como se as palavras que ele realmente quisesse dizer estivessem presas em sua garganta.Ela segurava um caderno de desenhos no colo, tentando esboçar para acalmar os pensamentos. Seus traços começavam como rabiscos confusos, mas logo, quase sem perceber, ela desenhava os olhos de Damian. A intensidade de seu olhar, o magnetismo que a puxava para ele.“Eu preciso sair daqui.”Mas mesmo enquanto pensava nisso, ela sabia que era tarde demais. Damian a havia enredado, e fugir não seria tão simples.— Tentando desenhá-lo de novo?A voz de Lucien quebrou o silêncio. Ele estava parado a p
A manhã chegou à mansão Draven como uma lâmina fria, cortando o silêncio com luz pálida que mal conseguia atravessar as grossas cortinas do quarto de Selene. Ela acordou com a mente pesada, como se não tivesse dormido. Os ecos da noite anterior ainda vibravam em sua memória: a voz de Damian, a intensidade de seu olhar no retrato, e a promessa que ele sussurrou.Selene sabia que estava sendo puxada para algo que não compreendia, mas havia uma parte de si que não queria resistir. Apesar de toda a lógica lhe dizendo para ir embora, sua curiosidade — e algo mais profundo — a mantinha presa ali.Ela desceu as escadas, seguindo o som de passos ecoando no hall principal. Lucien estava lá, organizando alguns papéis sobre uma mesa de madeira maciça. Ele olhou para ela com um misto de preocupação e desaprovação.— Não parece ter dormido bem — comentou ele, sem tirar os olhos do que fazia.Selene parou no pé da escada, cruzando os braços.— Não dormi. É difícil descansar quando... — Ela hesitou,
A madrugada encontrou Selene ainda acordada, sentada na cama de seu quarto. Apesar das cortinas fechadas, a luz pálida da lua entrava em filetes, criando sombras alongadas no chão. Seus pensamentos giravam em círculos, tentando decifrar o que havia acontecido no estúdio.Damian Draven. Um nome que agora parecia carregar um peso próprio, impregnando o ar à sua volta. Selene não podia negar o fascínio que sentia por ele, mesmo sabendo que aquilo era perigoso. A mansão Draven parecia estar se transformando em uma extensão de sua presença, viva com sua energia.Sem conseguir mais suportar a inquietação, levantou-se. Se havia algo que ela aprendera sobre si mesma, era que não conseguia ignorar um mistério.Os corredores da mansão estavam mergulhados em escuridão. Selene carregava uma pequena lanterna, cujos feixes fracos mal conseguiam iluminar o caminho. Cada passo que dava parecia ecoar, reverberando nas paredes como se a casa estivesse escutando.Seu destino era a biblioteca. Se havia a
Último capítulo