No Laço do Amor
No Laço do Amor
Por: Natasha Taylor
Capítulo 01

Giovana Andrade

Tomo mais um gole do café me divertindo com a agitação na cozinha, estão todos alvoroçados com a chegada do filho do patrão. Dizem que ele morou aqui quando criança, mas eu não era nascida, ou era muito pequena. E mesmo tendo vivido a minha vida quase toda dentro da fazenda, ainda assim, nunca cheguei a conhecê-lo, mas aparentemente ele é muito querido por aqui.

O senhor Jorge mandou preparar as comidas favoritas dele, e o que me surpreende é que a minha mãe sabe exatamente quais são. Eu sei que ela trabalha na casa do patrão há mais de trinta anos, mas o filho do patrão vem muito pouco aqui.

— Nina, quer mais alguma coisa? — Minha mãe, dona Marília, pergunta.

— Já estou satisfeita, o pão de queijo estava ótimo — Respondi e ela sorri para mim — Obrigada.

— O que você vai fazer hoje? — Ela pergunta enquanto começa a picar algumas cenouras.

— Tenho que conferir o gado e depois ir olhar uma vaca que acabou de parir — Respondo tranquila — Quero ver como ela e o bezerrinho estão.

Eu só saí da fazenda quando fui para Goiânia fazer faculdade, cursei veterinária e depois fui fazer uma especialização em animais de grande porte. O senhor Barros sempre deixou claro que eu teria um emprego quando terminasse os estudos. Além de ter financiado os meus estudos, isso foi muito bom para mim, e está sendo excelente para a minha carreira, mesmo que eu só esteja atuando aqui a cerca de seis meses, estou me saindo muito bem, estou muito feliz com o trabalho.

— Nina! — Escuto a Carolina me chamar. — Você poderia por favor buscar cebolinha para mim?

— claro — respondo enquanto me levanto.

— Não! — A minha mãe exclama alto. — Onde tá a Vanessa que não está nos ajudando, pede a ela pra buscar a cebolinha.

— Sem problemas, deixa eu mesma busco. — Falo. É melhor eu ir buscar essa cebolinha para evitar conflitos. Prefiro manter a paz do que economizar alguns passos.

— Se você encontrar a Vanessa pelo caminho, pede a ela pra vir aqui. — Minha mãe pede.

— Sim, eu falo pra ela. — Respondo enquanto saio da cozinha. — Volto já.

Caminho rapidamente em direção a horta, pois preciso ver a vaca recém parida. Ao chegar na horta, cumprimentei o seu João, que é o responsável pela horta, então colhi a cebolinha que a Carolina pediu. No caminho de volta à cozinha encontro a Vanessa, na área da casa. Respiro fundo porque sei que com certeza ela vai ser grossa.

— Vanessa! — A chamo com um tom de voz bem alto e contínuo quando ela me olha. —Minha mãe pediu pra você ir na cozinha agora.

— Eu sei das minhas obrigações, não precisa me falar. — Ela responde rispidamente.

— Parece que não sabe, pois você está aqui e não na cozinha. — Respondo com um sorriso debochado, mas dou de ombros. — Tchau, tenho mais o quê fazer.

E me viro e saio rapidamente ignorando o'que quer que ela fosse me responder. Não vou perder meu tempo discutindo com a Vanessa, tenho minhas obrigações, e nenhuma paciência para ela.

De volta a cozinha, entrego a cebolinha para a Carolina e dou um beijo na minha mãe de bom dia, porque não posso mais enrolar aqui.

— Até mais tarde — Digo ao me despedir delas.

Vou ao curral cuidar da vaca parida, nasceu ontem, mas é preciso estar sempre verificando e ter cuidado para que a vaca se recupere bem e o bezerro cresça forte. Depois de conferir tudo, caminho em direção ao estábulo para ver os cavalos.

No caminho para o estábulo avisto a Nicole, ela é a minha melhor amiga desde que me lembro, crescemos juntas praticamente, já que estudamos na escola da vila, fizemos ensino médio juntas e até fomos para a faculdade na mesma época, mas ela seguiu o caminho da docência e agora dá aula na escola que estudamos.

— Nicole! — A chamo, e ela pára no lugar para me esperar e eu apresso os meus passos — Tudo bem? O que você está fazendo, perdida por aqui?

— Oi Nina, tô bem. E não estou perdida — Ela responde dando de ombros e com um sorriso pequeno — Estou indo para ver o Fabrício, ele está lá no estábulo.

— Não acredito que vou ser vela enquanto faço o meu trabalho — Reclamo, em tom de brincadeira e ela me empurra de leve, me fazendo rir.

— Não seja exagerada! — Ela resmunga — Mas soube da novidade? Claro que soube! está todo mundo sabendo.

— Sobre o filho do senhor Barros? — Pergunto e ela assente — Estão fazendo o almoço para a recepção dele, e Juliano saiu cedo para buscá-lo.

— Você não parece muito interessada — Ela comenta e eu dou de ombros.

— Não estou mesmo, só espero que ele não seja um playboy arrogante.

— Eu o conheci quando ele esteve aqui de férias a uns três anos, ele me pareceu ser uma pessoa muito boa. — Comenta ela tentando me tranquilizar.

— Hum! Espero que seja mesmo. — Falo desconfiada.

— Mas uma coisa não tem como negar, ele é lindo! Um Deus grego… — Nicole fala com um sorrisinho insinuativo nos lábios e tom malicioso na voz.

— Deixa o Fabrício ouvir você falando assim do patrãozinho — falo e dou uma risada sarcástica, que fica ainda mais alta quando ela me empurra de leve.

Vamos caminhando entre risos e brincadeiras bobas, parecendo duas adolescentes, até chegarmos ao estábulo.

chegamos na maior correria e o Fabrício chamou nossa atenção por causa do barulho e rimos baixinho.

— Mas o porquê desse alvoroço todo? — Fabrício pergunta fazendo cara de bravo.

— Oi, para você também, Fabrício! — Eu e Nicole falamos juntas e caímos na gargalhada.

Nicole caminha em direção ao Fabrício que a recebe com um abraço e um selinho casto, mas mesmo assim ela fica corada e eu desvio o olhar por um segundo, dando um momento de privacidade aos dois.

— Qual é o motivo dessa agitação toda? — Fabrício pergunta olhando da Nicole para mim, mas mantendo minha amiga em seus braços.

— Estamos falando a respeito do filho do patrão. — Falo me fazendo desinteressada. Mas no fundo, bem no fundo, estou um pouquinho curiosa.

— Fica aí fingindo que não tá nem aí, mas não se aguenta de tanta curiosidade — Nicole diz com um sorriso debochado e eu dou de ombros. Não é porque ela está certa que eu tenho que confirmar.

— Em minha defesa, a minha mãe está falando sobre isso a uma semana! — Exclamo levemente exasperada e só não bato cabelo porque está preso.

— Teremos bastante tempo para conhecer ele bem, já que ele também é veterinário e nosso chefe. — Fabrício comenta voltando ao ponto inicial da conversa.

— Isso é verdade, espero que ele tenha técnica e que possa nos ajudar no melhoramento genético dos nossos animais — Digo num sorriso, me empolga imaginar que ele possa estar trazendo novas tecnologias, novos conhecimentos e mais desenvolvimento para a fazenda.

— Quando ele chegar, nós saberemos — Fabrício responde e eu aceno concordando.

— E a Nina vai poder matar a curiosidade dela — Nicole me provoca e eu mostro a língua para ela, como se o próprio espírito da quinta série estivesse no meu corpo.

— Vamos ver o potrinho lindo que nasceu esta manhã! — Fabrício nos convida, mudando de assunto.

Nicole fica toda emocionada ao ver o belo potrinho, branquinho e com algumas manchas pretas espalhadas pelo corpo. A coisa mais linda que já vi. Fico olhando o mais novo membro da fazenda Soledade e admirando tamanha perfeição. Nesses momentos eu tenho mais do que certeza que escolhi a profissão certa.

— Tão lindo! Como vai se chamar? — pergunta Nicole animada.

— O senhor Barros disse que o Augusto vai dar nome ao potrinho, afinal ele é filho do Trovão e nasceu no dia da sua chegada. — Ele responde e a Nicole assente.

— Espero que ele escolha um nome bonito — Minha amiga comentou sem tirar os olhos do filhote.

— Eu também — Respondo e depois de olhar mais alguns minutos para o pequeno cavalinho me afasto, porque além de ter mais o que fazer, vou deixar o casal sozinho um pouco — Como está tudo em ordem por aqui, vou pra casa.

— Se arruma e fica bem gata para conhecer o chefe! — Nicole exclama e o Fabrício ri alto.

— Eu não vou te responder, Nicole — Falo negando com um gesto, enquanto ela me olha com uma expressão divertida — Tenham uma boa tarde.

Escuto eles se despedindo enquanto eu saio do estábulo. Já está perto da hora do almoço e logo o filho do patrão deve chegar, eu só espero que ele seja uma boa pessoa, qualquer outra coisa, a gente aprende a lidar. Respiro fundo e continuo caminhando pela fazenda, observando a movimentação, esse é o lugar que eu escolhi e que me faz feliz todos os dias.

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