Quando Drew apareceu trazendo Laura e Anne, eu já imaginei que não seria um dia tranquilo. Laura usava um vestido de tule branco, elegante, e caminhava de mãos dadas com a filha em direção a nós, com um sorriso gentil nos lábios, mas com um brilho desafiador nos olhos.
— Sienna, ouvi do Drew que foi você quem me convidou para essa viagem. Sério mesmo, obrigada! — Disse ela, em tom doce, mas claramente ciente de que jamais partiria de mim aquele convite.
Drew logo guardou as malas dela no carro, abriu a porta traseira, mas congelou de surpresa ao enxergar dois lobisomens já ocupando os bancos.
O amigo do Drew tentou se justificar, constrangido:
— Drew, desculpa. Eles são meus irmãos mais novos, apareceram do nada para vir juntos, eu nem imaginei que você fosse trazer convidadas.
Drew ficou em silêncio, enquanto o amigo tentava tirar os dois de lá.
Laura então interferiu, determinada:
— Eles têm idade para curtir, deixa eles ficarem.
Depois abaixou a cabeça, dizendo numa voz triste, carregada de mágoa:
— Eu e a Anne vamos embora, então. Espero que todos aproveitem a viagem.
Logo em seguida, ela olhou para Drew antes de sair.
— Anne mal pode esperar pelo show de fogos no parque. Já que não vamos, manda umas fotos e vídeos para gente, por favor?
Drew hesitou um instante e, vendo o olhar ansioso da menina, respirou fundo antes de tomar uma atitude que me pegou desprevenida. Ele abriu a porta ao meu lado e, com pressa, me puxou para fora do carro.
— Sienna, como você está vendo, não tem lugar suficiente. A Laura está com uma criança. Deixa elas irem primeiro, eu volto te buscar rapidinho. — Ele falou, tentando soar convincente.
Fiquei boquiaberta, sem acreditar que ele realmente pretendia me deixar na estrada. Drew desviou o olhar, insistindo:
— Olha, não tem outro carro, vai ser rápido, prometo. Só espera aqui, tá?
Eu devia ter parecido perdida, porque até os dois moleques saltaram do carro com cara de culpa, tentando me console.
— Sobe aí, Sienna, a gente não faz questão. — Eles falaram, baixinho.
Encarei Drew, buscando algum relance de hesitação, sinal de dúvida, mas nada. O olhar dele continuava impassível, indiferente, como se eu fosse só mais uma pessoa qualquer no meio daquela confusão.
Engoli em seco, escondi o rosto para esconder a frustração e puxei minha mala para o canto.
— Vocês vão lá, eu fico. — Murmurei, fazendo um aceno.
Empurrei os garotos de volta para dentro do carro e, com meu próprio peso, caminhei até a calçada.
Antes de partirem, Laura me observou pela janela e, num gesto nada sutil, acenou como se comemorasse uma vitória.
Pelo vidro, vi o perfil de Drew ao volante. Ele nem sequer olhou para trás, como se eu já não significasse nada ali.
Durante as três horas até o parque, Laura fez pelo menos dez stories no Instagram. Postou fotos das paisagens e do Drew, sempre com aquele ar de casal feliz. Os comentários bombaram:
[Laura, é seu companheiro? Que homem lindo!]
Ela só respondia com um emoji tímido.
No meio da viagem, Drew me ligou apenas uma vez, só para ordenar que eu continuasse esperando onde estava, que ele logo voltaria.
O sol castigava, minha pele queimava e a sede ameaçava me derrubar, mas não reclamei e fiquei parada, esperando, querendo saber se ele manteria a promessa de voltar.