A espera foi longa. Fiquei na calçada durante o que pareciam horas e mais horas. Só quando o corpo não aguentou, busquei abrigo debaixo de uma lona improvisada ali perto, observando a luz do dia sumir aos poucos.
A noite caiu, e tudo que consegui ver foi um único vídeo postado por Laura, mostrando a lua cheia no céu. Drew aparecia ao lado dela, segurando seu braço, ajudando a acender o fogo de artifício. Ao fundo, alguém ria e gritava:
— Drew, você não vai buscar a Sienna, não? Esse show aqui é único. Uma pena ela não estar vendo.
Drew hesitou ao acender o pavio, o fogo de artifício caiu da mão da Laura. Ele ficou visivelmente desconfortável, demorou a responder:
— Não tem problema esperar, a Sienna é paciente, sei que não vai ficar brava.
Fechei o celular antes do vídeo terminar. Eu já sabia, ele não voltaria. Três horas de casa ao parque tinham virado mais de oito e, até ali, nada de sinal do Drew.
Levantei devagar, tirei o anel de noivado do dedo. Naquele momento, percebi que Drew já não era o mesmo cara por quem eu me apaixonei. O evento tão esperado, a tal cerimônia de marcação, provavelmente nunca aconteceria.
A festa dos fogos no parque foi até tarde. Enquanto todos montavam suas tendas, Laura e Anne tentaram entrar minha tenda, mas foram logo expulsas pela minha amiga, sem cerimônia.
— Cai fora, Laura. Essa tenda é da Sienna, vocês não são bem-vindas!
Laura ficou sem abrigo, Drew ainda tentou resolver, mas não havia nenhuma tenda sobrando. Ela olhou para Drew com olhos marejados, quase chorando.
— Sienna ficou chateada? Será que a culpa é minha? Se eu não tivesse medo de soltar fogos, e se a Anne não tivesse insistido nessa brincadeira, você não teria perdido tanto tempo com a gente. Como não tem lugar, vamos embora.
Drew começou a respirar fundo, não tanto pela partida delas, mas porque de repente se lembrou de mim, esperando na calçada.
Ele queria sair correndo dali, mas precisava ajeitar a saída de Laura e Anne. O parque era longe de tudo, impossível deixar elas sozinhas por ali. Drew acabou não tendo coragem de deixá-las partirem.
Ele puxou Laura de volta, dizendo com um tom sério:
— Para com isso. Não tem nada a ver com você, é comigo que a Sienna está brava. Você fica com a minha tenda, eu volto de carro.
Drew pediu ao amigo que cuidasse da Laura e da Anne, largou as malas para trás e já ia saindo apressado, quando Laura insistiu:
— Vou juntamente, assim se a Sienna estiver mesmo aborrecida, eu explico tudo para ela.
Drew pensou por um instante e, no fim, acabou concordando.
Conhecendo o meu jeito, ele sabia que eu não iria embora sem o esperar voltar. Dessa vez, sabia também que ia ter que me agradar até que eu o perdoasse.
Como entre mulheres as coisas costumavam ser mais fáceis de resolver, ele resolveu levar a Laura junto.
Mas a Anne ainda era pequena demais, e três horas de viagem de carro com certeza seriam um sacrifício para ela.
Além disso, eles tinham que levar embora os brinquedos, cobertores, e todas as outras coisas que tinham trazido.
Só para voltar e arrumar tudo, foi mais uma hora.
Surpreendentemente, Drew ficou esperando no carro por todo esse tempo, paciente. No caminho, Laura ainda se preocupou com ele, oferecendo biscoitos para enganar o estômago.
Tudo isso eu vi nos stories que Laura subiu na internet. Fiquei parada assistindo, baixei cada vídeo e, no fim, mandei uma mensagem curta para Drew: [Já estou em casa. Não precisa voltar. Aproveite sua viagem.]