Ponto de vista da Alora
— Than... Than... O que você está fazendo? Para... — Minhas mãos se moviam devagar demais. Não consegui alcançar minhas memórias de infância, aquelas coisas que guardei da casa dos meus pais... Memórias preciosas dos anos que passei amando o Than.
Ele rasgava caixa por caixa, jogando tudo no chão, sem nem olhar o que tinha dentro. Eu não conseguia acompanhar. Minha loba tentava vir à tona, queria me alertar, mas ainda não tinha se recuperado completamente.
Por que ele estava naquele surto cego?
Então, algo caiu com um baque surdo.
Meu coração disparou, o pânico subiu no peito e me deixou sem ar. Meu antigo diário preto caiu no chão.
Ele parou. Os olhos dele se fixaram naquele caderninho ali, deitado aos seus pés.
Quem teria guardado aquilo?
Por que colocar numa caixa? Aquilo só traria dor para Than.
Eu tinha escrito naquele diário no ano em que tudo começou a dar errado.
Sem pais, sem amigos próximos fora do círculo dele com quem eu pudesse conversar ou pedir co