PONTO DE VISTA DE OLIVIA
Naquela mesma semana, eu estava na cozinha, terminando mais um dos meus pedidos de Natal. A tigela de massa girava na batedeira com aquele som constante, quase hipnótico, enquanto eu me debruçava sobre detalhes minúsculos de glacê, ajeitando cada curva com precisão quase obsessiva. Era o tipo de trabalho que me prendia, que acalmava minha mente.
Até que não acalmou mais.
O som começou baixo, infiltrando-se pela janela entreaberta: risadas altas, música pulsando, vozes animadas demais para aquela hora da noite. Suspirei fundo, tentando ignorar. Mas não demorou para que o barulho se tornasse impossível de ignorar, quebrando o silêncio que eu sempre protegia como um tesouro.
Barulho. De novo.
Deixei o saco de confeitar de lado, já sentindo a frustração crescer como uma chama descontrolada dentro do peito. Enxuguei as mãos no avental, murmurando entre os dentes:
— Ethan...
Era claro de onde vinha.
Atravessei a cozinha, fui pelos fundos e parei no quintal, de fren