Mundo de ficçãoIniciar sessãoNas mãos do CEO:
Capítulo 9 Daniela Marçal Quando chegamos no primeiro destino, me vi com uma sensação nova no peito diferente. Ver Olívia feliz, alegre e muito animada correndo pelo espaço onde iria ser a sua festa, foi como aquecer meu peito que andava vazio e procurando um novo sentimento. Era estranho porque eu saí do Brasil para crescer profissionalmente e fugir da minha família, mas eu também queria construir a minha família, queria ter uma vida normal como qualquer pessoa. Desejava ser como todo mundo, ou a sua grande maioria. Eu não era nova, estava com meus vinte e sete anos, vivi boa parte da minha vida para a família, minha mãe precisou bastante de mim antes de encontrar o meu padrasto. Eu levei a sério o dizer: “Trinta anos é a idade do sucesso!” Estava perto, mas nem tinha um emprego fixo, quem diria uma família. Quando me deram a oportunidade de vir para cá, eu não pensei duas vezes, com a dor no coração, mas vim, mesmo que nessa idade, a maioria das mulheres já são casadas e têm filhos. Minha própria mãe me perguntou diversas vezes se eu não queria ficar, construir uma família. No entanto, eu queria e vim para cá com a cara e a coragem. Conhecer alguém, casar e ter filhos, seguir aquela ordem que uns acham o ciclo da vida, e outros acham algo que não deveria ser tão normalizado assim, opiniões, eu tinha a minha e respeitava as demais. Nesse momento eu me toco que não era tão fácil construir uma carreira e ter uma família. A questão é que eu perdi quatro anos com Paul, essa é a verdade. E vivo remoendo desde então. Lá no fundinho do meu ser, eu sei que ele nunca vai me pedir em casamento, e uma hora ou outra, eu vou ter que voltar para o Brasil. E prestes a completar os meus sonhados trinta anos, eu tenho um começo de carreira, mas sem a família que tanto desejava e um hotel para chamar de meu. - Gostou? – Ouço a voz do Xavier bem atrás de mim. Sinto um arrepio atravessar meu corpo, mas não era um arrepio ruim, diria até que era um arrepio bom... Do que eu estou falando? Foco no que importar, estava trabalhando, não? Olho tudo em volta mais uma vez, eu tinha escolhido o lugar, era para eu estar perguntando se ele gostou... - Era para eu te fazer essa pergunta... – Digo tentando me recompor. Xavier era um homem alto, imponente e sempre sério. - É um castelo dentro de uma casa de festa chic de criança, não tem como não gostar... – Ele para ao meu lado vendo Olívia pulando no pula-pula que tinha na área kids. – Ela que tem que gostar, não eu... – Diz como se não ligasse para nada. Se Olivia gostasse, estava ótimo para ele. - Então escolhi bem... – Ganhei o seu silêncio e um sorrisinho de canto de boca. – É somente agradar a pequena, que você fica satisfeito, então está tudo certo. Xavier maneia a cabeça, mas não diz nada de relevante. - Papai... Tia... – Olivia pulava e suas tranças ficavam voando a cada pulo. – Meu Castelo é PERFEITO! – Grita animada. - Senhor e Senhora Lancaster... – Ouço a voz do gerente que falou comigo ao telefone. O que me assusta não é a voz dele, e sim as suas palavras. Xavier não se abalou com o erro do homem, eu sei que ele percebeu porque Xavier não deixa nada passar, NUNCA! Vendo que dá boca dele não vem a correção, me apresso em consertar o erro. - Olha... – Xavier segura a minha mão e não desmente o gerente. - Bom dia, Hector... – Eles trocam um aperto de mão firme. – Você realmente fez jus ao seu nome nesse lugar. – Xavier inicia a conversa me deixando perdida. Senhora Lancaster? Será que somente eu percebi? Impossível! Xavier sempre sabe de tudo, é difícil alguém passar por ele sem a sua devida atenção. Em meio ao caos que estava a minha cabeça, ouço a voz familiar da minha pequena, Olivia me chamava como se o mundo estivesse acabando. - DANI! DANI! – Olívia grita e eu não sei o que fazer da minha vida nesse momento, parar o conversar e dizer que eu não sou a senhora Lancaster. Ou socorrer a menina que grita meu apelido a plenos pulmões. Vou na segunda opção, é claro. Vou até a menina que estava agitada, mesmo não convivendo com muitas crianças, eu sabia bem cuidar de uma. - Oi, minha querida? – Olivia tinha as bochechas vermelhas, o vestido estava todo amassado, mas ela estava radiante. - É verdade que você é a Senhora Lancaster? – Se não tivesse a armação do pula-pula para me segurar, eu teria caído no chão frio do local. - De onde você tirou isso, minha pequena? – Olivia me olha como se fosse algo óbvio. - Eu ouvi o moço falando... – Gerente desgraçado! Fecho os olhos vendo que essa história estava indo longe demais. - Olivia... – O que falar? Olivia era um perigo para conversar alheias, tínhamos que nos policiar quando ela estivesse por perto, porque com certeza essa pequena sabia de coisas que não deveria. Arrumo a minha postura, eu precisava me organizar mentalmente para falar algo complicado. Tinha que acabar com o mal entendido, ser verdadeira para esse ser pequeno, e falar que eu não era a Senhora Lancaster. Nunca imaginei ser um par romântico com o pai dela, imagina ser a Senhora de um homem tão poderoso como Xavier Lancaster. Não me iludiria com esses pensamentos, sei exatamente meu lugar, fora que eu ainda tinha que colocar um ponto final na relação com Paul. Se Marina estivesse aqui, eu tenho certeza que diria que não mereço somente migalhas. Pelos céus, que tipo de pensamentos são esses? - A Senhora podia ser a minha mamãe... – Olivia tinha o dom de me deixar perdida, assim como o pai dela. Olho para Olívia que aparentava ser tão inocente e como se pudesse tirar todo o peso de uma situação complicada. - Minha pequena... - Sinto uma mão nas minhas costas. Aquele maldito perfume que eu sabia bem de onde vinham, quatro anos o sentindo dia após dia. Xavier estava atravessando um limite que eu não queria que fosse ultrapassado. Minha aproximação era por causa da Olívia, somente ela. Mesmo que nesses quatro anos tenhamos uma internação regada a provocação e verdades ditas às claras. - A tia Dani ainda não é a sua mãe, filha. – Olho para Xavier chocada. – No entanto, eu falei que ela estava com a gente, e ela que iria organizar a sua festa. Por isso, consegui a casa na data certa e regalias que o gerente está nos dando. – Xavier fala como se fosse normal encher uma criança de informações que não são de verdade. - Ela pode ser a minha mãe? – Repete a pergunta. Suspiro alto. - Olivia, para ser a sua mãe, teria que me casar com o seu pai, e eu... - A menina me corta como o pai sempre fazia, comigo ela falava pelos cotovelos. - Então é fácil, se casa com o meu pai, tia... – Ela fala vendo os bolos disposto no outro lado do salão. – Assim vai poder ser a minha mãe... – Diz me puxando para os bolos. – Vamos poder ser uma grande família e meu pai vai poder cuidar de você. Porque entre tudo que Olivia disse, o que mais me pegou foi as palavras “cuidar de você.” Quantos anos eu não sou cuidada por ninguém? Acho que sempre fui independente, nem sabia que o era ser cuidada. Porque a palavra “cuidada” soou na minha cabeça como um cuidado diferente do que eu já havia recebido? Paul era meu namorado, “cuidava” de mim com limites, nada além do que pagar uma conta de restaurante e comprar esporadicamente algo como presentes, mas nada disso é cuidado de verdade, é? Antes que eu falasse qualquer coisa, um bolo de chocolate é colocado na minha frente. Olívia já tinha esquecido o assunto, mas eu sentia os olhos de Xavier Lancaster em cima de mim. Sempre atento e observador.






