A Confissão
Xavier havia se retirado, deixando a porta do quarto entreaberta como um pedido de trégua. No chão, a tarefa do scrapbook prosseguia, mas o clima mudou. Olívia, satisfeita com o novo suprimento de glitter, estava concentrada em desenhar um alienígena em forma de coração, alheia à tensão.
Eu e Marina estavam sentadas lado a lado. Marina parou de cortar uma foto, sentindo o peso do silêncio que eu colocava como distância.
— Ele fez certo em me ligar. — Marina disse suavemente, referindo-se a Xavier. — Mas não vim somente trazer a torta, Dani. Eu vim falar sobre as últimas notícias. Eu vim por você, minha amiga. Como você está, de verdade?
Solto um suspiro longo e dolorido, apoiando o rosto nas mãos.
— Vazia. É o preço da vitória, eu acho. Eu venci o jogo, Marina, mas sinto que vendi a minha alma. Usei a história da minha mãe, usei a minha infância miserável, usei a Olívia... — Ela gesticulou para o álbum. — Eu transformei tudo que é sagrado na minha vida em muniçã