Narrado pro George
O cheiro de podridão era constante. Ele se infiltrava nos pulmões, impregnava a pele e envenenava a mente. As masmorras não eram apenas um lugar de confinamento; eram um cemitério para a alma. Anos, décadas talvez, haviam passado desde que puseram correntes em meus pulsos e me jogaram nesse buraco. George Blackwood, outrora o homem mais temido e respeitado, agora um prisioneiro esquecido nas sombras.
Mas o que mais doía não era a dor física ou a fome que corroía meu corpo; era o silêncio. O silêncio da minha família, do meu legado. Eles mataram todos. Minha filha, o orgulho da minha vida, assassinada no dia em que deu à luz. Meu neto, Charlie, morto antes mesmo de ter a chance de viver. Cada Blackwood que ousava resistir foi caçado como um animal, e eu fui forçado a ouvir as histórias sangrentas através dos lábios cruéis de meus captores.
Hoje, porém, o silêncio foi quebrado.
— A garota Blackwood está em nossas mãos. — A voz do guarda era como ácido, queimando cada