SAMANTHA VASCONSELOS Entro na minha sala e fecho a porta, Nat está no meu lugar e Luna no pufe pink. — Oi Sam, essa é a Luna – trocamos olhares e sorrimos uma para a outra, meu santo bateu com o des... – Bom, vou direto ao assunto, você vai treiná-la para que ela possa assumir o seu lugar. Sinto a cor sumindo do meu rosto. E minha pressão cai levemente. Meu sorriso se desfaz e um nó se forma em meu estomago. O brilho no olhar de Nat me enoja, e fico totalmente sem palavras. — Meu Deus Samantha, calma! – Diz Nat se levantando. — Você vai ser promovida, bom se você quiser e tudo correr como planejado – ela coloca as mãos envolta dos meus ombros. Está explicado o brilho no olhar, mas continuo em choque. Estou sentindo um misto de felicidade, susto e curiosidade. Eu vou ser promovida? Por quê? E para qual cargo? — Pode explicar? – peço. — Claro, bom, no dia em que eu faltei, você apresentou no meu lugar, Ian e os Diretores acharam você muito segura de si e executou o trabal
SAMANTHA VASCONSELOS Dou de ombros.Nós dois rimos.— Fico feliz em termos esclarecido algumas coisas – digo.— Algumas, Samantha? – Faço que sim.Adoro o som do meu nome quando vem de seus lábios. Na verdade, nunca gostei tanto do meu nome. É tão provocativo. Parece um eterno duplo sentido vindo dele.— Há mais a que discutir?Dou de ombros.— Se for por causa do comportamento da Natália ontem, nós nos conhecemos há um tempo, já saímos juntos, mas nunca rolou nada. Eu não lembrava mais disso, e foi bom ele ter dito, eu realmente estava com receio de acontecer alguma coisa e a Nat ficar brava comigo. Ele não tinha motivos para mentir, e senti verdade em suas palavras. Por isso assenti e ficamos conversando por mais algumas horas. Mas estava ficando tarde e eu preciso colocar o sono em dia, então pedi pra ele me levar pra casa.— É aqui — digo, apontando para o meu prédio.— Foi ótimo passar um tempo com você, espero repetir em breve.Sorrio.— Eu também. Obrigada pela carona.Desço
SAMANTHA VASCONSELOS Eu nunca havia ao menos subido até esse andar, mas vi a sala de Ian assim que saí do elevador. O escritório é fechado por portas de vidro com a fachada da McDougall — uma âncora com um M atrás. Pelas portas vejo que não tem ninguém sentado à mesa, e já esperava por isso, visto que no e-mail, fui avisada que seria na sala de reuniões adjacente a sala dele. Abro as portas, atrás da mesa há um painel de madeira com vários livros, no aparador, uma bandeja com bebidas e à baixo, um frigobar. O ambiente transborda masculinidade, e tem o cheiro do perfume de Ian misturado com canela. Do lado direito, a parede é feita de vidro. Ali há um grande tapete cinza e dois pufes – idênticos ao que está em minha sala – só que pretos. À esquerda, há uma porta que dá para a sala de reuniões. Ela é privativa e exclusiva para as reuniões dele. Bato na porta e a abro, Ian está tomando café, vestindo um terno cinza escuro, muito lindo. Às vezes acho que não tem como ele ficar mais
SAMANTHA VASCONSELOS Meu corpo esquenta da cabeça aos pés. Mas antes que eu possa responder: — Na verdade, ela disse sim – ele pisca para ela. – Perguntei por educação, sabe como é, seguindo o protocolo. Ela acha graça. Por fim andamos sorrindo e conversando até o restaurante de sempre, já que os dois disseram que queriam ver, nas palavras da Luna: “qual a minha”. Ninguém desmente a história do namoro. — Qual a sua pira em não comer carne? – Luna pergunta enquanto nos servimos. – Sua família é vegana? Ela não está sendo babaca como a maioria das pessoas são no geral, só está curiosa. — Não, na verdade a minha família é a típica família brasileira, churrasco todo final de semana. — Assim que é bom! – ela exclama, animada. Ian contém o sorriso. Acho muito bonitinha a forma como ele evita me contrariar. Mas finjo olhar para Luna com raiva. E falho miseravelmente. Quem eu quero enganar? É uma missão impossível se irritar com ela. — Mas e aí, por que parou? – Ian pergunta. N
SAMANTHA VASCONSELOS Não vi o Ian no trabalho, e acho que talvez isso seja o que contribuiu pro mal humor que foi se instalando em mim durante o dia. Odeio que um homem seja capaz de definir meu estado de espírito. E toda aquela independência que venho almejando? Mas tudo bem. Não posso mandar no meu coração idiota, que murchou quando percebeu que não veria ele. Nem as piadinhas e brincadeiras de Luna conseguiram fazer com que eu ficasse de boa. Por fim ela desistiu e eu me concentrei no trabalho. Quando cheguei em casa, ainda eram cinco horas, então me arrumo para uma corrida, não corro desde aquele dia que Ian esbarrou em mim. Quem sabe isso ajuda a melhorar meu humor. Acontece que Ian foi tão constante esses dias que sem ele, tudo fica estranho, e eu senti falta, mesmo que doa em mim admitir isso. Corro por uma hora inteira e só para quando praticamente não tenho fluxos de pensamentos. Sério, a atividade física faz milagres. Assim que entro em casa, vou direto pro banho, um
SAMANTHA VASCONSELOS Meu estomago dá voltas e mais voltas. — Nem o meu – respondo. — Está dizendo que também sentiu minha falta? — Estou dizendo que meu dia não ia ficar completo até que te visse – ele levanta uma sobrancelha. – Tá bom, sim, eu senti sua falta. Ele se levanta. — Me desculpe – diz. — Pelo quê? – sussurro. De repente, o ar está ficando escasso. Ian não responde. — O que está fazendo? – pergunto enquanto ele dá a volta no balcão. — Indo até você, lentamente. — Por que? – sussurro, ele estende o braço e me puxa pela cintura. — Para não te assustar – ele responde contra a minha boca, e em seguida, cola a dele na minha. Ele me encosta no balcão e deposita beijos por toda a extensão do meu pescoço, rosto e boca. Quando se afasta – a contragosto, estamos ofegantes, sem tirar as mãos da minha cintura, me encara com olhos intensos e cálidos – que com certeza, devem ser um espelho dos meus. Tiro minha mão de dentro de sua camisa. Eu nem tinha percebido que esta
SAMANTHA VASCONSELOS Ian sorri para mim. — Legal então – diz, todo animadinho. Aponto para o prato na frente dele. — É pão na chapa com azeite, já comeu? Tenho homus aqui se quiser. Ele balança a cabeça negativamente. — Nunca. Mas estou prestes a experimentar. Ele dá um sorrisinho sem mostrar os dentes e pega uma torrada. E morde. — Hmmm – ele geme. – Muito bom. — Sério? – pergunto, sem conseguir evitar um sorriso. — Uhum – responde, sorrindo de volta. – Garota vegana e suas comidas. Sorrio e arqueio a sobrancelha: — E desde quando pão com azeite é uma exclusividade vegana? Ian apenas balança a cabeça e diz: — Você se importa de levar sua roupa do trabalho para o meu hotel? Preciso passar lá para me trocar e depois vou precisar de um banho antes de ir pra empresa. Seria essa uma boa ideia? — Por que não trazemos as suas coisas pra cá? Eu preciso de muitas coisas para me arrumar. Ele sorri e dá de ombros. — Justo. IAN MCDOUGALL Samantha vai se trocar e aguardo na
IAN MCDOUGALL Quando termino, encontro Samantha sentada no balcão com o rosto apoiado nas mãos e um sorriso radiante. — Eu posso me acostumar com isso. — E deveria mesmo. Onde eu guardo isso? – aponto para as frutas. Ela aponta para o armário abaixo da pia, que tem potes de vidro com tampa, pego o que eu acho que caibam as frutas e guardo na geladeira. — E então? Quer almoçar agora ou quer ir pra empresa primeiro? – pergunto. — Nós vamos passar o dia juntos? — Não quer almoçar comigo? – nem tento esconder a decepção. — Posso almoçar sozinho também. — Nananão, eu quero sim, foi só uma pergunta Ian. Será que pareci inseguro para ela? Bom, ela me deixa assim em relação a ela. Sam se levanta. — Vamos? — Você quer ir mesmo? Não se sinta pressionada. — Se eu me sentisse pressionada você nem estaria aqui – ela dá uma piscadinha. Vem em minha direção, para na ponta dos pés e me dá um selinho. Em seguida fecha a janela da cozinha e some para dentro do quarto. Eu não acompanho ess