༺ Diogo Scott ༻
Ainda estou possesso de raiva pela forma como aquela garota me tratou. Finjo serenidade enquanto converso com Edgar, que me fala empolgado sobre um dos projetos da empresa. Tento prestar atenção, mas a verdade é que minha cabeça está dominada por Isabella. Aquela petulante, arisca, fria... quem ela pensa que é para falar comigo daquele jeito?
Ela vai me pagar por essa ousadia.
— Com licença um instante, Edgar. Preciso atender um telefonema importante — disfarço.
— Claro, senhor Scott. Vou pegar mais uma bebida — responde, afastando-se em direção ao garçom mais próximo.
Assim que ele vira as costas, sigo direto para o banheiro feminino. Fico parado do lado de fora, encostado na parede, observando enquanto algumas mulheres saem. Umas me lançam olhares provocantes, sorrisinhos safados. Ignoro todas. Só tenho um objetivo.
Quando o ambiente finalmente esvazia, entro e tranco a porta.
Quero falar com ela. Ou melhor, confrontá-la.
Ouço a descarga. Me escondo parcialmente entre as divisórias. E então ela aparece. Vai até a pia, se olha no espelho e começa a ajeitar os cabelos. Tem uma beleza singular. Impossível não notar. Pele clara, lábios marcantes, olhar expressivo. O tipo de mulher que não se encontra fácil.
Ela se vira em direção à porta... e se depara comigo. Arqueia as sobrancelhas, surpresa.
— Mas o quê...? Que isso? Mania de perseguição agora? — diz, séria, cruzando os braços e me encarando com desafio.
Dou um passo à frente.
— Eu só quero conversar com você. Isabella... Por que se faz de difícil?
— Olha aqui! Eu não te dei intimidade pra me chamar assim. Não quero papo. Será que é tão difícil entender isso?
Passo a mão na barba, sem acreditar. Nenhuma mulher jamais ousou me rejeitar dessa forma. É surreal. Tomo fôlego e tento manter a compostura:
— Calma. Só estou tentando conversar. Não precisa ser tão agressiva. Está começando a me irritar...
— Irritar? Eu? Você que está me cercando como um doente! Qual é o seu problema? É surdo ou só age como um completo idiota? Já deixei claro que não quero nenhum tipo de contato com você.
Pronto. Chega.
A aproximação que era só insistente se transforma em algo mais bruto. Dou um passo e a encurralo contra a parede. Sinto sua respiração acelerar. Os olhos se arregalam, mas ela não recua. O olhar é de raiva, mas há um brilho... um quê de provocação.
— Você me obrigou a agir assim, garota. Sabe com quem está falando? Sou Diogo Scott!
Ela vira o rosto, debochada, cuspindo sarcasmo:
— E daí? Que se dane você e essa merda de nome. Não me interessa saber nada da sua vida.
Seguro seu rosto, forçando-a a me encarar. O semblante continua desafiador. Maldita. Tão provocante que faz meu sangue ferver. Não resisto. Me aproximo e a beijo com selvageria, dominando sua boca como se precisasse provar algo.
Ela se debate, me empurra, mas não cede fácil. Quando penso que sua resistência vai cair, a filha da mãe me acerta uma joelhada bem no meio das pernas.
Me dobro de dor. Um gemido escapa. Frustração e raiva me tomam.
— Desgraçada! Como você ousa me bater assim?
Ela me encara com fogo nos olhos e cospe as palavras como veneno:
— Da próxima vez vai ser um soco no meio da sua cara, seu abusado. Fique longe de mim ou eu te denuncio por assédio. Seu tarado!
Ela abre a porta com força e sai. Fico parado, respirando fundo, tentando retomar o controle.
A dor passa. O ódio cresce. E a obsessão... se fortalece.
Sorrio com crueldade nos lábios.
— Acha mesmo que pode me enfrentar? Pois bem, Isabella Martins. Aceito seu desafio. A partir de agora, sua vida vai mudar... completamente.
Saio do banheiro, ajustando o paletó, e volto para o salão da festa como se nada tivesse acontecido.
O evento segue. Converso com alguns empresários e sou chamado ao palco para discursar ao lado do meu sócio, Samuel. Reviro os olhos com a ousadia dele de me colocar nessa situação, mas entendo o peso da minha presença.
Sou um nome. Um império. Preciso me mostrar.
Samuel fala com seu típico bom humor:
— Quero chamar aqui o meu sócio, que não é só meu sócio, mas também meu amigo: Diogo Scott! Achou mesmo que ia escapar do discurso, brother?
A plateia ri. Sorrio de lado, pego o microfone e falo com meu tom sarcástico de sempre:
— Ah, não... Eu sabia que você não deixaria isso passar em branco. Conhecendo o palhaço que você é...
Risos. Aproveito o clima leve e continuo, agora mais sério:
— Nossa empresa começou com uma ideia no papel. Hoje, abrimos mais uma indústria, expandindo nossos horizontes. Isso é mais do que progresso, é uma confirmação de que estamos no caminho certo. É uma honra ter todos vocês aqui nessa noite de celebração. Muito obrigado.
Aplausos. Entrego o microfone a um dos funcionários e saio do palco.
Meus olhos vasculham o salão, caçando aquela mulher que me tirou o controle como ninguém jamais fez. Vejo Isabella à distância, parecendo irritada com Edgar. Ela se afasta dele com passos rápidos, bufando.
Perfeita.
Mando uma mensagem para um dos meus seguranças. Peço informações sobre ela. Nome completo, endereço, rotina, tudo. Quero saber cada detalhe da vida dela. Quero controlar tudo.
Enquanto isso, sigo circulando pelo salão, mantendo minha fachada pública.
Olho o celular: dezenas de mensagens da Ellen. Essa mulher não desiste nunca? Mando instruções para que minha equipe corte qualquer contato dela comigo. Se continuar, tomarei medidas mais duras. Não posso deixar que essa doente atrapalhe meu novo alvo.
Isabella.
Minha doce Isabel.
Ela me fascina de um jeito doentio. Aqueles lábios vermelhos ainda ardem na minha memória. Sua pele branca me provoca fantasias perigosas. Parece uma Branca de Neve... com a alma de uma tempestade.
Levo o uísque à boca, permitindo que a imagem dela domine meus pensamentos novamente.
Eu vou tê-la.
Nem que seja à força.