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Capítulo 3 – Ordem Materna

“Algumas promessas são mais perigosas que qualquer missão.”

A casa dos Belmont era iluminada por luzes quentes, com aroma de tempero caseiro no ar. A cozinha exalava conforto, risos abafados e som de talheres sendo organizados.

Viktor Belmont chegou com passos firmes, já tirando as luvas táticas e a jaqueta antes mesmo de atravessar a porta. Seu pai apareceu primeiro, com um avental e um sorriso discreto.

— Se for reclamar do jantar, já aviso que fui obrigado a fazer salada — disse Elias Belmont, cruzando os braços.

Viktor ergueu uma sobrancelha.

— Salada? Você aprontou alguma?

— Digamos que... sua mãe está levemente irritada.

— Irritada? — Viktor riu, encarando o pai com ironia. — Isso é código pra “alguém vai apanhar com uma colher de pau”?

— Provavelmente.

Foi quando Dra. Helena Belmont surgiu da cozinha com as mangas dobradas, a expressão nublada como tempestade prestes a explodir.

— Ah, olha só quem resolveu aparecer — disse ela, secando as mãos no pano e apontando para a cadeira. — Senta. Você também tem culpa.

— Eu? — Viktor piscou. — Mal cheguei.

— Você trabalha nesse quartel como se fosse um templo. Tem olhos em tudo. E mesmo assim deixaram aquilo acontecer? Com aquela menina?

Viktor sentou-se, apoiando os cotovelos na mesa.

— Que menina?

Helena bufou.

Sophia Scoot. Aquela pequena. A que vive em silêncio, com olhar de passarinho ferido. A que todo mundo ignora. Que um babaca imbecil, que se acha homem, resolveu humilhar publicamente. No refeitório! Beijando a prima dela na frente de todos.

— Elizabeth, né? — murmurou Elias, servindo vinho.

— Ela mesma — rosnou Helena. — Aquela menina merece uma surra... Mas não daquelas leves, de ego. Eu tô falando de chinelo e tapa atrás da orelha!

Viktor respirou fundo, mas um certo incômodo começou a se alojar no peito.
Scoot. A nova integrante.

Agora, o nome fazia sentido. A delicadeza. A postura retraída. O silêncio nos olhos.

— Você a conhece? — perguntou, curioso.

Viktor, eu cuidei dela mais vezes do que posso contar! Pequenos cortes, costelas machucadas, crises de ansiedade... sempre dizia que caiu, que tropeçou, que escorregou. Eu via no olhar dela: nunca foi acidente.

Elias assentiu.

— Nunca contou nada. Só pedia desculpas por incomodar.

Helena cruzou os braços, agora olhando o filho com olhos brilhando de preocupação e ameaça.

— Eu ouvi hoje que ela entrou pro seu time. É verdade?

Viktor encarou a mãe por alguns segundos, depois assentiu uma única vez.

— Sim. Ela agora é parte da Equipe Alfa.

Helena se aproximou devagar, parando atrás dele e pousando as mãos em seus ombros.

— Então escute bem, Viktor... Cuida dela. Não como comandante. Como homem. Como alguém decente.

Ela não precisa de mais um idiota que só enxerga o que pode usar.

Ele não respondeu imediatamente.

Mas por dentro, alguma coisa clicou.


Base Alfa, 22h13

A sala de comando da Equipe Alfa estava silenciosa, exceto pelo som da mochila sendo colocada no chão.

Sophia Scoot estava parada diante da porta, olhando em volta com receio.

Aquele era o novo “QG” da equipe — onde ficavam as estações de trabalho, as telas, os arquivos... e agora, também seu espaço de trabalho e descanso.

Ela ainda estava processando o fato de ter sido escolhida.

— A cama é naquele canto — disse uma voz masculina e firme.

Sophia virou-se. Viktor Belmont estava escorado na parede, braços cruzados, observando.

Ela abaixou o olhar.

— Não quero incomodar. Posso ficar em outro lugar, se for melhor...

— Você faz parte da Alfa agora, Scoot. Você pertence aqui.

Ela mordeu o lábio, hesitando.

— Eu... não costumo ficar com outras pessoas. É difícil.

— A gente não é “outras pessoas”. Somos uma equipe.

Ela assentiu, devagar.

Viktor caminhou até a escrivaninha e pousou um crachá com o novo acesso dela.

— “Firefly.” É o seu codinome.

— É por eu ser pequena e... brilhante? — ela arriscou, um sorriso tímido escapando.

Viktor soltou uma risada curta.

— Algo assim.

(Embora ele pensasse que a palavra certa era “impossível de apagar”.)

Sophia pegou o crachá com cuidado, como se fosse feito de vidro.

— Obrigada, senhor.

— Me chame de Belmont. Só “senhor” me envelhece.

Ela riu. De leve.

Pela segunda vez no dia.

E Viktor... sentiu o peito esquentar.

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