O olhar nas sombras

Ao meio dias todos estavam no refeitório, todos com olhares estranhos, em silêncio, alguns assustados, outros pensativos, tinha até uma menina chorando.

- O que houve, por que todos estão tão estranhos ?

- Encontraram um aluno morto perto do campo, estava todo dilacerado, Aurora, à uns dias eu vi você saindo do quarto tarde da noite, para sua segurança nunca vá lá fora sozinha, ainda mais no campo à noite, coisas acontecem aqui, cuidado para não ser a próxima, nesse internato não é de se surpreender quando pessoas morrem.

- Então porque nos mandam para este internato?

- Não é óbvio ainda, nossas famílias não se importam conosco, nos mandam para cá para se verem livre de nós, não importa se aqui é um lugar bom ou sombrio, o que importa é que estamos longes. É isso com você também ou sua família te ama?

- Você tem razão, fique tranquila, não chegarei perto dos campos, mas quem ou o que matou esse garoto?

- Bom, isso jamais saberemos.

- Boa tarde à todos, devido ao incidente de hoje de manhã, depois do almoço à aula será dada normalmente, mas em seguida vocês terão duas opções, biblioteca ou dormitório, não será permitida a saída do prédio para a segurança de vocês, infelizmente perdemos um aluno e as providências já estão sendo tomadas.

É proibido entrar no campo e todos aqui sabem disso, não sabemos que animais podemos encontrar, evitem quebrar as regras, se quebrarem não poderemos evitar que algo aconteça com vocês, obedeçam, agora podem almoçar.

- Bem, vamos para o dormitório, hj a senhorita Romanoff não irá dar aula, a Pilar trouxe um projetor de imagens escondida, vamos.

- Podem ir primeiro, ainda estou com um pouco de fome, vou comer mais um pouco e já vou.

- Tá, não demore muito.

Estava com uma leve sensação de estar sendo vigiada, mas não sabia por quem, comi mais um pouco e fui em direção ao dormitório...

- Simon, você está bem ? À dias que não te vejo.

- Eu estou bem, com licença.

- Espere!

- Eu disse à você para me esquecer, esqueça do que aconteceu, para o seu bem, não chegue perto de mim, não fale comigo. Você não me conhece Aurora, e é melhor permanecer assim.

- Você é um estupido.

Corri para o dormitório, não entendia o motivo do Simon agir dessa forma tão estúpida comigo, ele me afastou de todas as formas.

- Aurora, o que foi, parece chateada. Alguma menina já implicou com você novamente?

- Não, só estou cansada, vou dormir um pouco.

- Não vai mesmo assistir ao filme conosco ?

- Uma outra hora, também estou com dor de cabeça. Bom filme meninas.

- Aurora, acorde, já está na hora do jantar, vamos.

- Vou tomar um banho e em seguida irei para o refeitório.

- Ok, vamos guardar um lugar para você.

Desci as escadas e dei de cara com Simon abraçado com uma menina no canto do corredor, meu coração estava tão acelerado que nem me atrevi a respirar perto deles, passei rapidamente sem olhar para o lado.

Como ele pode, disse que nunca se interessou por menina nenhuma e agora mudou de idéia, se fez para me provocar ele conseguiu, que tola, é só mais um idiota qualquer...

- Por sorte você chegou a tempo, tem um bolinho maravilhoso de sobremesa hoje.

- Na verdade estou sem fome.

- O que está acontecendo com você Aurora, está tão estranha, não quer ir à enfermaria ?

- Não, só estou sem fome.

- Bom, vou comer por você então, está uma delícia.

Final do jantar, todos de volta para seus dormitórios, amanhã de manhã teremos uma avaliação, todos os alunos são obrigados a responder algumas questões. Tenham uma boa noite alunos !

- Que tipo de avaliação será afinal ?

- É só uma avaliação boba que eles fazem no começo do ano, algumas perguntas sobre nós.

- Bom, melhor irmos dormir, boa noite meninas.

Às duas da manhã acordei novamente, com a sensação de que alguém estava me chamando, sai do quarto e fui para a janela e novamente vi Simon, só que dessa vez parecia estar assustado, estava correndo, com uma blusa rasgada, meu Deus, não podia deixar acontecer algo...

Imediatamente corri em direção ao campo, comecei a chamar por Simon, até que ouvi um uivo, comecei a correr e quanto mais corria mais sentia que tinha um animal atrás de mim, quando parei e olhei para trás fui jogada no chão, e vi um olhar aterrorizante, foi então que alguém tirou aquela coisa de cima de mim e começaram a lutar, até que ouvi "fuja".

Era ele, era a voz do Simon, mas o que eu vi na minha frente não era nada humano, corri de volta para o internato e esperei amanhecer, preocupada com Simon e tentando entender o que eu tinha visto...

Dois dias se passaram e Simon estava desaparecido, não sabia o que fazer, então decidi perguntar para um dos meninos que sempre estava com ele...

- Você tem notícias do Simon?

- Garota, vou te dizer só uma vez, fica longe dele, você vai acabar trazendo mais problemas, o que você viu não foi o suficiente para te assustar ?

- Como sabe o que eu vi?

- Fica longe.

No final da noite quando estava voltando para o dormitório encontrei com Simon...

- Venha comigo.

- Que lugar é esse?

- Aqui é o porão, ninguém nunca vem aqui, dizem que é assombrado, então é um bom lugar para se esconder.

Agora me diz, o que foi que você viu exatamente?

- Uma coisa enorme pulou pra cima de mim, eu senti pavor daquele olhar e depois eu ouvi a sua voz, mas não parecia ser você.

- Aurora, eu disse para você nunca mais vir atrás de mim, porque você é tão teimosa, está tentando se matar?

- Por que você não me explica o que está acontecendo?

- Você não vive no mundo que acha que vive, existem coisas que não são só lendas, nós tentamos evitar ao máximo que pessoas comuns saibam...

- Como assim?

- Aurora, feche os olhos. Agora abra !

- Meu Deus...

- Não grite, quer que nos peguem aqui?

Eu sou um lobisomem, existem muitos como eu, mas nem todos são lobisomens bons, alguns matam pessoas por diversão, e por isso nós que não fazemos isso pagamos por isso, existem caçadores por todo o mundo que tentam nos matar à todo custo, e vão acabar chegando até aqui se eu não parar o lobisomem que está matando os alunos, por isso meu bando veio estudar aqui, viemos parar um lobisomem alfa, então por favor, não entre no campo nunca mais, ou vai acabar morta.

- Isso não pode ser possível, eu devo estar muito louca, ou devo estar sonhando, Simon, isso não é possível.

- Eu sei que parece loucura, mas acredite em mim, não sou uma pessoa ruim, tudo que faço é proteger as pessoas, meu pai morreu defendendo a minha família e a todos, e é o que eu faço também.

- Eu preciso de um tempo pra processar tudo isso, é demais para mim.

- Me faça um favor, fique longe de mim, não conte nada à ninguém e fique fora do campo, o campo das flores é uma floresta muito perigosa.

- Na verdade são três favores.

- Só não se meta em encrenca, se algum inimigo pensar na possibilidade de você se tornar meu ponto fraco, eles vão atrás de você, então tenha cuidado...

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