AURORA SUMMER
AURORA SUMMER Fechei os olhos, esperando que, ao abri-los, ele não estivesse na minha frente. Talvez eu estivesse pensando tanto nele que comecei a vê-lo como uma alucinação. Mas, quando abri os olhos, Douglas ainda estava ali, agora recostado na beirada da mesa. O olhar que ele me lançou fez um arrepio subir pela minha espinha. Ele era o meu chefe. E o que quer que tivesse acontecido entre nós… não significava nada. Ou pelo menos era isso que eu precisava me convencer a acreditar. Respirei fundo, ajeitei a postura e entrei na sala. — Bom dia, senhor. — cumprimentei com a voz baixa. Douglas arqueou uma sobrancelha e abriu um meio sorriso, mas não respondeu de imediato. Apenas deslizou o olhar por mim de um jeito tão descarado que minha pele pareceu incendiar. — Senhorita Summer — ele chamou, a voz grave e arrastada, como se degustasse cada sílaba do meu nome. — Sente-se. — Ordenou depois de sentar no seu lugar. Obedeci, tentando ignorar a forma como meu coração martelava no peito. Quando me acomodei na cadeira à frente dele, seus olhos me analisavam como se pudessem me despir ali mesmo. — Já lhe explicaram como isso vai funcionar? — Sim, senhor — respondi, mantendo o tom neutro. Ele se inclinou para frente e apoiou os cotovelos na mesa, os dedos entrelaçados diante do rosto. — Também sabe que, por vezes, terá que me acompanhar até em casa… motivos de trabalho, é claro. — O sorriso que acompanhou a última frase foi bem sugestivo. Engoli em seco. Não me disseram isso, mas eles me pagam bem o suficiente para fazer isso também sem reclamar, então estava tudo bem. — Não, senhor. Douglas soltou um riso nasal e se levantou, contornando a mesa enquanto arrastava o indicador na superfície. Meu corpo enrijeceu quando percebi que ele pararia ao meu lado. — Agora sabe. — continuou, parando atrás de mim. Inclinei a cabeça um pouco para o lado, mas congelei quando senti seus dedos roçarem a minha nuca, como se afastasse uma mecha de cabelo imaginária. Sua voz grave soou próxima demais da minha orelha. — E tenho certeza de que você sabe que vai me seguir em viagens de negócios e ser meu par em alguns eventos. Par? Por que eu teria que ser o par dele? Mas eu o questionei? Não. — Sim, senhor. — respondi, com esforço para manter a voz estável. Douglas se inclinou ainda mais, e o calor de sua respiração fez os pelos do meu braço se arrepiarem. — Sabe mesmo? Porque ser o meu par exige mais… intimidade do que apenas sentar-se ao meu lado numa mesa de jantar. Meu coração disparou e minhas mãos se fecharam em punhos no colo, mas permaneci em silêncio. Douglas então caminhou para frente e apoiou-se novamente na mesa, mas desta vez bem à minha frente. Antes que eu pudesse reagir, ele pegou minha mão e ergueu-a devagar até os lábios. — Espero que não se incomode com isso, senhorita Summer. — disse num sussurro, enquanto pressionava um beijo demorado no dorso da minha mão, com os olhos fixos nos meus. Minha respiração falhou. O calor que percorreu meu corpo foi instantâneo e devastador. — Vai ser um problema? — perguntou, ainda segurando minha mão, roçando o polegar na minha pele em pequenos círculos. — N-não, senhor. Douglas sorriu, satisfeito com a minha resposta, e depositou outro beijo na minha mão antes de soltá-la com uma lentidão quase cruel. — Ótimo. — Ele ajeitou a gravata como se nada tivesse acontecido. — Isso é tudo… por enquanto. — Certo, senhor. — Levantei-me com rapidez, mas quando passei por ele, sua mão deslizou pela minha cintura, foi um toque suave, mas me fez prender a respiração. — Aurora… — Senhor? — Da próxima vez, use um salto mais baixo. Suas pernas me distraem. — A maliciosa me deixou sem reação. Assim como tudo que ele fez até agora. Saí apressada da sala, sentindo o olhar dele em mim até o último segundo. Assim que me sentei na cadeira da minha mesa, levei a mão ao peito. Meu coração parecia querer arrebentar minhas costelas. Arrumei minhas coisas e comecei a trabalhar. Precisava organizar muitos documentos e continuar de onde a ex-secretária parou. Eu ainda estava resolvendo muitas coisas quando o telefone tocou. — Sim, senhor? — Atendi. — Venha ao meu escritório — ele disse simplesmente antes de encerrar a ligação. Levantei-me da cadeira e fui até ele. Quando abri a porta, ele estava tão concentrado no trabalho que nem me olhou. Aproveitei a oportunidade para me aproximar. Ele estava de óculos e parecia ainda mais sexy com eles. Seus cílios eram longos para um homem, e seus lábios pareciam tão beijáveis... Balancei a cabeça rapidamente para afastar o pensamento, então olhei para ele e meu coração quase pulou do peito quando o vi olhando para mim. Fiquei mais ereta enquanto esperava o que ele tinha a dizer, fingindo que não estava apenas olhando para ele. — Preciso que você me ajude a analisar alguns documentos. Deixei eles no meu escritório em casa, então você virá comigo. Eu não esperava começar a ir para casa com ele no primeiro dia. Seria realmente estranho, especialmente com o que aconteceu entre nós. Ele não tinha dito uma palavra sobre isso e, por algum motivo, isso me incomodou. Era só sexo e nada mais, e era melhor mantermos o profissionalismo. — Certo, senhor. Há mais alguma coisa que o senhor gostaria que eu fizesse? — perguntei, e o olhar que ele me lançou me disse que havia algo, e não tinha nada a ver com trabalho. — Não, isso é tudo. Sua voz estava rouca como a de um homem faminto. Virei-me e saí do escritório. Assim que me sentei na cadeira, levei a mão ao peito, que batia rápido. Isso vai ser difícil. [...] Eu estava enviando convites para um evento que aconteceria no final do mês quando alguém passou por mim indo para o escritório do meu chefe. — Com licença, por favor, você tem um horário marcado? — perguntei educadamente. Ela me olhou de cima a baixo como se eu fosse estúpida por fazer tal pergunta. — E você é? — Sou a nova secretária, e você não pode entrar até que meu chefe confirme que está esperando por você. — Quem você pensa que é? — A secretária. — Repito sem ironia apesar de desejar. — Por favor, sente-se enquanto eu faço a ligação. Seu nome é...? — Kassie. — ela falou rispidamente. Como se eu me importasse com seu tom. Quando peguei o telefone para avisar o senhor Ward, ela correu para o escritório, passei pela minha mesa e a segui. — Com licença, senhora, a senhora não pode entrar! — Mas ela não estava ouvindo. Abriu a porta e entrou antes que eu pudesse alcançá-la. Quando cheguei ao escritório, ela estava ajoelhada com as mãos agarradas à perna do meu chefe, e ele claramente não parecia satisfeito. O que significava que ele não a estava esperando. — Kassie, levante-se. — ele disse com a voz baixa e fria. — Está se humilhando… e isso não me excita. — Por favor, eu quero você. Você não pode simplesmente me amar? Depois daquela noite com você, eu não consegui parar de pensar em você, por favor, apenas me ame, por favor! — ela implorou enquanto ele tentava soltar a perna na qual ela estava agarrada, como se sua vida dependesse disso. Euem... Cadê teu amor próprio mulher?