Rosa
O despertador vibrou discretamente ao meu lado, e eu abri os olhos devagar. O quarto ainda estava escuro, mas minha mente já estava desperta, tomada por uma inquietação familiar.
Hoje não era um dia qualquer.
Passei a mão pelo lençol antes de alcançar minha prótese, sentindo o peso frio do metal contra a pele. Mesmo depois de anos, a primeira coisa que fazia todas as manhãs era sentir a ausência.
Mas hoje não era dia para me prender a isso.
Levantei-me, ajustando a prótese com movimentos rápidos e precisos. Peguei minha bolsa e saí para o apartamento de Juan. O ar da manhã estava fresco, e a rua ainda silenciosa, como se o mundo inteiro estivesse respirando fundo antes de um grande momento.
A porta estava encostada, como sempre. Entrei sem fazer barulho, e o ambiente familiar me acolheu. A mesa da sala ainda tinha alguns brinquedos espalhados, e um cobertor infantil estava esquecido no sofá. Pequenos detalhes que me lembravam que, por mais que eu tentasse manter o controle, minha