Felipe
A segunda-feira começou cedo. Saí de casa com aquela sensação incômoda de que estava deixando algo inacabado. Queria ter ficado. Queria tê-la visto antes de sair, mesmo que fosse só por um instante — um bom-dia, um sorriso sonolento. Mas preferi não acordá-la. Parecia tranquila dormindo, e talvez eu quisesse guardar essa imagem comigo durante o dia.
O escritório estava um caos. Reuniões seguidas, relatórios acumulados, ligações, prazos. Ainda assim, entre um assunto e outro, era nela que eu pensava. No jeito como olhava pra mim, na forma como me fazia sentir em paz — e no medo que ainda pairava entre nós. Eu sabia que ela não se sentia completamente segura, e isso me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.
Antes de sair do trabalho, mandei uma mensagem avisando que iria buscá-la. Eu não queria que ela andasse sozinha, não depois de tudo o que aconteceu. Queria estar lá, por ela e com ela.
Mas assim que estacionei em frente à escola de balé, vi algo que me fez congelar po