Lorena
Eu estava com medo — medo de que meu pai aparecesse de novo, medo de que tudo voltasse a acontecer. Mas eu precisava ser forte, e aquele evento tinha sido o primeiro passo. Falar em público sobre o que vivi foi como abrir uma ferida antiga, só que dessa vez eu não queria mais escondê-la.
Passei o dia seguinte tentando ocupar a cabeça. Arrumei a casa, lavei, limpei, organizei tudo o que podia. E foi quando peguei o celular que vi a mensagem de quem eu menos esperava: Felipe.
Dizia que queria conversar comigo.
Por alguns segundos, achei que estivesse lendo errado. Depois, veio a dúvida: por quê agora? Três anos se passaram. Eu demorei tanto para juntar os pedaços de mim depois que ele foi embora. A princípio, recusei. Eu não queria abrir feridas antigas.
Mas ele insistiu — disse que poderíamos conversar onde eu quisesse, até mesmo no apartamento dele. Foi impossível não pensar em confusão, em constrangimento. Não queria problemas com a esposa dele.
Só que, para minha surpresa, e