O carro chegou às nove em ponto.
Era pequeno, antigo, com bancos de couro claros e um motorista gentil que me chamou de mademoiselle Bianchi e sorriu ao me ver abraçada ao meu caderno e a uma bolsa cheia de pincéis. Louis ficou miando na janela do apartamento, indignado por não ter sido convidado.
— Uma semana — sussurrei pra ele, e aí eu volto. — Cuida da Sophia por mim.
Sophia apareceu logo atrás, enrolada no roupão, com uma xícara de café na mão.
— Vai pintar o mundo, artista. E me traga histórias novas.
— Se Lucca aparecer… — comecei.
— Eu aviso que você deixou o coração preparado.
Rimos. Ela me abraçou com força, depois abriu a porta do prédio e acenou como se eu estivesse partindo para Marte. E talvez estivesse mesmo — um planeta feito só de silêncio, tinta e reencontro.
A estrada para o vilarejo era bonita de um jeito calmo. Campos amarelos, pequenas construções de pedra, árvores que pareciam cochilar com o vento. Fiquei em silêncio o caminho todo, rabiscando no caderno uma ide