004🥀

°•[As lágrimas caem como notas, e cada acorde ecoa meu desespero.]•°

Acordo com uma enorme dor de cabeça e levemente zonza com o meu corpo ainda dormente. Abro os meus olhos e visualizo um teto que não é familiar. Tento me mexer, agoniada pela situação e por não estar onde deveria e lembrava que deveria estar, mas não consigo. Mãos algemadas, pernas embrulhadas.

"Mas que diabos?!".

Tento me sentar, me livrar das algemas, mas nada adianta. O quarto é enorme, paredes num marrom quase preto, a cama grande e luxuosa, quarto todo detalhado em pinceladas douradas, mas nenhuma janela, que quarto não tem janelas?! Se eu quiser escapar, devo sair pela única porta disponível.

"Mas como? Como?".

Me concentro com todas as forças, as lembranças indo e voltando em um turbilhão de emoções. Um cara doce e gentil me oferecendo um jantar, como alguém como ele se interessaria por uma estranha se não tivesse segundas intenções? Certo, eu realmente fui culpada. Estou algemada em um quarto desconhecido com um psicopata que logicamente não me trouxe para uma visita de passagem pelo seu domínio.

— Merda! Merda! Merda!!!

Meu peito sobe e desce, e as consequências das minhas ações se tornam maçantes. "O que devo fazer? O que devo fazer? Minhas irmãs...". Sim, minhas irmãs. Saí do restaurante feito uma louca, não respondi as mensagens, ignorei suas ligações de propósito e coloquei no mudo o celular. Eu corri dos meus problemas e me meti em mais problemas. O que falei pra elas... Como as fiz se sentirem...

— Alguém!!! Tem alguém aí?! Por favor!!! — "Não adianta Sleny, está trancada, quarto sem janelas, não sabe nem onde está..." — Não adianta, não adianta.

Em silêncio, sozinha, meus soluços se tornam minha única sintonia e minhas lágrimas o único toque quente em minha pele. Chorar não adianta nada, mas o que posso fazer se não me lamentar?

O tempo passa e só fico olhando para o teto com mil pensamentos na cabeça. Sentindo o peso da situação cair em meu corpo a cada segundo contado mentalmente. Pensando e repensando em como sair desse lugar.

E eu escuto.

Ouço um barulho vindo da porta, quase como uma campainha. Não tem maçaneta nem um puxador, só a droga de um teclado. O que, provavelmente seja para colocar alguma senha para poder ter acesso ao quarto.

Encaro a porta como se fosse minha última visão em vida, e quando ela se abre com um bip enjoado, se revela o homem da noite passada, entrando com uma bandeja em mãos e um sorriso alegre. Um sorriso de orelha a orelha, como um novo convertido no mundo da riqueza.

— Está com fome? — A porta se fecha sozinha atrás dele, novamente com o bip. Encaro ele, o homem lindo esteticamente, que agora mostra sua verdadeira perversão. — Sleny.

Ele se aproxima da cama e coloca a bandeja na mesinha do lado. Seus olhos me encarando com expectativa e curiosidade, sinto meu sangue gelar enquanto seu corpo senta aí meu lado na cama, sua mão alcançando a minha perna e a acariciando. Só pelo toque repentino eu afasto a minha perna rapidamente. Meus olhos firmados nos dele. — Eu sei que você está confusa, Sleny.

— Quem é você?

— Sleny... — Novamente o meu nome, meu nome dado com tanto carinho pelo meu pai sendo proferido por alguém desconhecido. Desconhecido e cruel, um homem capaz de sequestrar uma mulher. Ele tenta se aproximar devagar, como se estivesse tratando de um gato arisco que foi resgatado nas ruas. — Eu perguntei quem é você!! Droga! Por quê me trouxe aqui?! Quem diabos é você?! Me fala!!

Ele me encara por alguns segundos, depois suspira e coloca a mão na testa, até eu suspirar e ele voltar a me encarar, mas agora de maneira séria. Séria o suficiente para me fazer temer pelo pior.

— Me chame de senhor 'C'.

— Senhor C?

— Isso mesmo.

Ele parece animado, animado com a conquista, animado pela conversa, animado por tudo que está acontecendo neste momento. Me enjoa.

— Muito bem, senhor C. Você me disse que me levaria a minha casa... — Olho para ele com ousadia, indignada, — acha realmente que moro aqui? Para com essa brincadeira e me leva para a minha casa!

— Você não sabe como é linda, se você pudesse ver a si mesma agora, garanto a você que seria umas das setes maravilhas do mundo.

— Cala a sua boca antes de ousar falar de mim!

Angústia, medo, desespero e raiva são sentimentos dominantes marcados em mim. Desde muito nova aprendi o significado de cada uma delas, ainda mais agora, por ter caído num truque tão mesquinho.

"Tudo aqui não está sendo real, é uma farsa, eu vou acordar"… Porém, com mais olhares trocados e palavras sendo proferidas que continuam a se repetir em minha cabeça, eu sinto, sinto os lençois por de baixo de mim, o frio das algemas em volta dos meus pulsos e o olhar ardente dele no meu. Estou aqui agora, com um homem, completamente desconhecido, a sua mercê e sem esperanças de uma saída. Abaixo a cabeça em redenção, alheia a tudo que possa acontecer. — O quê você quer de mim?

Meus olhos ardem. Me sinto pesada e cansada, meu rosto está quente e minhas mãos tremendo. Eu estou com medo.

"Irmãs...". Minhas lágrima molham o meu rosto, e me sinto ansiosa. Não quero ficar aqui, por favor Deus, que eu seja encontrada logo.

— Uma ótima pergunta, o que eu quero de você? Sleny.

Engolindo em seco sua risada sinistra e sacarmos, levanto a minha cabeça reunindo e me apegando ao único de coragem.

— Olha... Se for dinheiro, as minhas irmãs com certeza vão pagar o resgate, só por favor... Me solte.

Seu rosto de contraí, seu olhar com irritação e frieza. — Acha que eu preciso de dinheiro? Não está vendo esse quarto? — Ele abre os braços, mostrando sua posse, — olha em volta! Acha realmente que o que eu quero é dinheiro?!

— Então o que você quer?! — Grito alto o bastante para sentir minha garganta riscar, — o que você quer com uma garota aleatória que conheceu na rua?! Está louco?!

— Eu te desejei e te quis para mim, quero você! Você! Isso não é óbvio?!

Sinto minha pressão baixar e o ar faltar, sorrio em choque, abismada com o que ouvi. Minhas risadas saem sem controle enquanto meu corpo treme.

— O-o quê? Hahaha! O que você...?

— Pra quê mais eu te traria pra minha casa? Não, para nossa casa!

— Você... — Ele me encara, esperando a minha reação, — nossa hahha, você é um puta de um louco!

— Repete.

Seus olhos se tornam mortos e sua respiração alta. Engulo em seco, meu corpo se negando a reagir, mas eu me forço, me forço e reúno forças.

— Você... É um retardado que deve ter tratamento mental! Seu doente!

Ele engatinha na cama pra cima de mim e segura o meu queixo com sua mão enorme. Me forçando a olhar para ele. — Se você quer continuar viva, é melhor manter essa sua boca bem fechadinha, querida!

— Me solta!

— Pense bem antes de falar alguma merda futuramente! Sleny, estou te avisando! Não brinque com a minha paciência!

C solta o meu queixo e coloca as mãos nas minhas pernas, — não me toque.

— Por que eu não posso tocar na minha própria mulher?

Estou irritada, mas com medo ao mesmo tempo. Suas mãos me tocando, seu corpo maior que o meu. "O que ele viu em mim? De todas as pessoas, por quê foi justo eu a ter que encontrar ele?!". Eu respiro fundo, amanso a voz, fico vulnerável, — por favor, me solta. Por favor.

— Certo.

Ele se levanta da cama e vai até a mesinha. Pega a bandeja com um copo de suco e um sanduíche e se senta ao meu lado na cama.

— Coma um pouco, você deve estar faminta.

— Não. — Respondo de maneira firme, — eu não estou com fome.

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