003🥀

Como tudo e não estrago nada, nenhuma migalha se quer. São como sabores vindo diretamente do céu. Conversamos por bastante tempo sobre coisas aleatórias mesmo. Como estilo de música, estação favorita ou gostos culinários.

— Sério, eu não sabia que iam nos expulsar desse jeito hahha.

— Parece que eles já iam fechar o restaurante hahha. — O senhor perdido me dá sua mão para me acompanhar até o lado de fora do restaurante. Está bem tarde da noite, mais tarde do que planejei. Percebo o que fiz e olho para ele sem graça. Antes que eu possa falar algo, meu celular vibra.

— Hum... Eu tenho que atender a essa ligação, se você não se importar....

— Não, não. Está tudo bem, pode atender, vou chamar meu motorista pra gente ir. Eu te levo pra casa.

Olho meu celular e para minha surpresa são uma e trinta e cinco da manhã, respiro aliviada por ter carona. — Nossa, muito obrigada, eu realmente estou ferrada.

Me afasto e atendo a ligação, é a minha irmã Lily, puta é pouco pro que ela está agora.

— Irmã...

— Onde você está Sleny?! — Sua voz está alterada, chorosa até. Meu coração aperta e de repente o toque de juízo martela a minha cabeça. Não deveria ter aceitado o convite, deveria ter ido direto pra casa. Quem sabe marcar para outro ocasião? Seja qual for o caminho, o que eu escolhi foi a pior.

— Irmã, não precisa gritar...

— Como não?! Você saiu do restaurante sem nos falar para onde ia! Não veio para casa e nem atendeu a porra desse maldito telefone! — "Cacete, dessa vez eu tô muito ferrada mesmo". Antes que eu possa pedir por calma ou tentar me justificar, ela continua a tagarelar — Sleny! Eu vou perguntar só mais uma vez! Onde drogas você se meteu?!

— Irmã, calma, eu estou bem, só andei um pouco por aí. Quando eu chegar em casa a gente conversa, tá bom?

— Me fala onde você está Sleny, — suspira — eu mesma vou te buscar.

— Não precisa, sério.

— Como não precisa Sleny?! Já viu qual horas são?! Independente de onde esteja, duvido que passará algum táxi ou algo do tipo! E sem mais garota! Anda! Me fala!

Eu suspiro e passo a mão na testa, eu entendo a reação, entendo que esteja tarde. Apesar do momento bom que passei com esse rapaz, ainda me sinto exausta. Foi muita coisa para processar e muita coisa que vivi em tão pouco tempo. Deveria pegar apenas o número dele e ir para casa. Quem sabe outro dia? Com mais calma? Podemos nos conhecer, podemos sim. — Ok, ok. Estou em frente ao Palace Engel...

— Me espera aí mesmo mocinha, estou indo te buscar.

Ela desliga o celular e eu suspiro. "Tudo bem...". Me aproximo novamente do senhor perdido e zero senso de direção. A noite foi magnífica, nunca imaginei que poderia encontrar alguém tão doce e culto quanto ele. "Admito, me interessei, estou interessada". Coro com essa nova afirmativa na minha vida pouco conturbada, ele está me aguardando, em frente ao carro com seu sobretudo esbanjando elegância. — Olha, muito obrigado pela noite, e pela sobremesa, só que realmente tá muito tarde, tenho que ir pra casa.

— Mas eu te disse que posso te levar, Sleny, é perigoso ir sozinha. — Seu olhar é preocupado e de alguma maneira suplicante. Como se quisesse desesperadamente mais tempo comigo.

"Só posso estar louca, a bebida tá dando efeito agora? E eu nem bebi tanto". Bato em minhas próprias bochechas o que deixa ele surpreso. Sorrio da maneira mais carinhosa possível e estendo a mão para um cumprimento. — Eu sei que só quer ajudar, e obrigada, mas a minha irmã já está a caminho, sabe como é... — Sorrio novamente, — família costuma ser bastante protetiva. E outra! Posso passar meu número para você...

Eu coro mais ainda e desvio o olhar, ele sorrir, como se entendesse. — Eu entendo, tudo bem Sleny. — Ele me entrega um cartão que eu coloco na bolsa, estende a mão dele e me cumprimenta. — Muito bom te conhecer, salvadora.

— Escuta, humm, eu fiquei a noite toda pensando nisso, mas você me é.... Familiar de alguma forma, por acaso, já nos conhecemos? Ou nos vimos de passagem por aí?

Seu olhar fica indescritível, seus lábios dando a entender que irá falar e de repente muda de ideia. Ele sorrir de maneira leviana, — Se eu tivesse visto alguém tão linda assim antes, com certeza eu lembraria.

— Ok então... Até algum dia hahha...

Me viro para ir até a faxada do prédio e esperar na claridade minha irmã, porém escuto um gemido de dor e me assusto.

— Há! Sleny, espera!

Preocupada volto atrás, ele está curvado segurando a barriga. Sua expressão em dor. Não penso duas vezes e corro ao seu encontro. — O quê aconteceu? O que tá sentindo?! — Ele não me responde, cai de joelhos enquanto tento segurar ele. — Moço! Me responde! Motorista! Ajuda aqui!

— Me... Me ajuda a sentar no carro... P-por favor..!

O motorista me ajuda a colocar ele no banco dos passageiros. Ele senta no banco ainda sem falar nada, minhas mãos frias sem saber o que está acontecendo. Ele falou antes sobre não comer doces, será uma crise disso? Por quê ele está assim? O quão doente está?

— Você tá bem? Vou pedir para que te leve para o hospital... — Ele não responde, abaixa a cabeça colocando a mão na boca, e antes que eu saia do carro para falar com o motorista dele, escuto uma risada baixa e logo em seguida sinto um puxão forte me arrebatar.

"O quê?!".

— O-O que pensa que está fazendo?! — Assustada.

O cara que eu tentei ajudar, me puxa para seus braços enquanto seu 'capanga' (motorista) fecha a porta do carro. Olho para janela assustada enquanto o cara, depois de fechar a porta dos passageiros, entra calmante no veículo e não fala nada, não olha para trás, nem pergunta o que está acontecendo. Simplesmente aciona a tranca de segurança do carro me impedindo de abrir.

— Que brincadeira de mal gosto é essa?! Me deixa sair! Agora! — Tento sair do agarro do homem que me puxou mas nada acontece, é mais forte que eu. — Ei! Não fica parado aí! Me ajuda! Não está vendo que tô no carro?! Por quê fechou a porta?! Destranque!

— Ele não vai te ajudar querida.

"Como assim...? Ele realmente está fazendo isso? Se for brincadeira...!".

Suas mãos alcançam a minha boca e nariz, tapando com um pano com um cheiro esquisito, antes mesmo de tentar lutar ou empurrar ele, sinto meu corpo amolecer. — Shiiii... Tudo bem... Vai ficar tudo bem, Sleny.

"Socorro...! Irmã!!".

— O Deus, o quão fofa você ainda pode ser? Será possível ficar mais bonita? Querida.

Dou uma última olhada para ele pelo retrovisor do carro antes que minha visão fique cem por cento turva. Seu sorriso antes simpático agora demoníaco e assustador, me encarando por aquele espelho. Meu mundo se torna pequeno até não sentir mais nada e a escuridão me abraçar.

— Nos leve para casa.

— Sim, senhor.

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