Capítulo 7.
Valéria narrando
Subi as escadas com as pernas bambas e o coração feito um tambor descompassado. Me sentia invadida por dentro, como se cada parte de mim tivesse sido tocada de um jeito que eu não tava pronta pra encarar. O beijo dele ainda pulsava nos meus lábios como uma lembrança viva — urgente, intensa, confusa.
Fechei a porta do quarto devagar, encostando a testa na madeira por um instante. Não chorei. Não conseguia. Era como se as emoções tivessem se embolado dentro de mim, impedindo qualquer lágrima de escapar.
Tirei os sapatos, a roupa. Joguei tudo no chão como quem tenta se livrar de um peso que não sai da alma.
Deitei na cama.
Mas dormir era uma mentira que meu corpo não ia contar.
Virei de lado, de costas pro mundo. A respiração descompassada e os pensamentos em looping. A frase dele ecoava sem parar:
"Foi o primeiro erro que me fez sentir vivo em muito tempo."
E eu? Me sentia meio morta. Meio viva. Inteira confusa.
Talvez porque ele me beijou como se fosse o último respiro