Fabiana Medeiros
Estou cuidando da horta quando o barulho de motor chama minha atenção. É o Gilberto, ele é um cara de trinta anos que acha ser um garanhão. Quer que todos chamem ele de Gil, mas eu não faço. O jeito como me olha incomoda. Não gosto nada dele.
― Vim buscar a princesa dessa fazenda ― faz graça tirando o óculos escuro.
Eu sou essa. É assim que esse homem chato me chama.
Apenas olho para ele, esperando que me diga por que diabos acha que vou com ele a algum lugar.
― Seu tio pediu para você ir comigo providenciar essas coisas. ― Mostra um papel, provavelmente uma lista. Não olho direito. Respondo um ok e me afasto, indo em direção a onde parou o veículo.
Entro no carro. Ele me imita e segue para a vila. Passa o caminho todo calado falando sobre coisas da fazenda e quando peço para esperar no carro, não se opõe. Até que não é tão inconveniente como eu pensava.
Estamos voltando quando ele pergunta:
― Você tem dezessete, né?
― Sim.
Ele coloca a mão na minha perna... do nada.