Capítulo 7

Bebo mais um gole de água e, sem muita vontade, deixo a garrafinha de lado. Volto pro grupo de meninas na quadra, sentindo as pernas ainda meio bambas depois desse treino super puxado. Sério, às vezes acho que nossa treinadora pensa que a gente é um bando de robôs.

— Prontas? Podemos voltar ao treino? — pergunta ela, com aquele tom "sem desculpas", depois da nossa pausa que, por mim, poderia durar mais umas três horas.

A temporada de jogos começou oficialmente, e amanhã é o grande dia: o nosso primeiro jogo. Não é exagero dizer que precisamos estar perfeitas. Tipo, nem um fio de cabelo fora do lugar. Tá todo mundo nervosa, mas tentando não demonstrar.

De volta às nossas posições, o som de uma bola quicando na quadra chama a atenção de todo mundo. Em seguida, surgem as vozes altas e animadas de um grupo de garotos que entra, como se fossem os donos do lugar. Não preciso nem me esforçar pra achar John no meio dos outros jogadores — ele se destaca fácil, ainda mais agora, todo uniformizado e cheio de confiança.

Ele olha direto pra mim e, claro, me lança aquele sorriso que eu já deveria estar acostumada, mas que, obviamente, me faz corar na hora. Tento disfarçar com um sorriso de volta, mas tenho certeza de que minha cara tá mais vermelha que um tomate maduro. Sutil, né?

— Treinadora, consegui uma autorização do diretor para usar a quadra. — o treinador do time masculino praticamente grita, com aquele tom de "sou importante", enquanto se aproxima da gente. — Como você já sabe, nosso jogo é amanhã, e a gente precisa treinar.

Ele diz isso com uma pose, como se estivesse salvando o dia. A treinadora Fibby o encara por alguns segundos com aquele olhar que poderia significar qualquer coisa — desde "estou planejando sua queda" até "não acredito que vou ter que lidar com isso agora". A tensão no ar estava quase palpável.

Ela se vira lentamente para nós, e aí, revira os olhos de um jeito tão dramático que só de olhar, a gente já sabe o que ela tá pensando. Mas o auge mesmo é a careta que ela faz logo em seguida, como se fosse uma criança emburrada que acabou de perder o último pedaço de pizza.

Não deu outra. Todas as meninas ao meu redor começam a rir na mesma hora, e eu quase não consigo segurar. A expressão dela era simplesmente hilária! Sério, até as pessoas mais focadas da equipe de lideres não aguentaram.

— Vamos, meninas! Já treinamos o bastante por hoje. Estão dispensadas. — A treinadora Fibby finalmente nos libera, e sério, foi como se o universo tivesse dado um respiro profundo.

Enquanto a gente se dispersa, não consigo evitar de ficar observando o treinador Hamilton. O jeito que ele olha pra Fibby... não sei se ele acha que tá disfarçando bem, mas é super óbvio! Tipo, muito óbvio. Ele tá totalmente a fim dela! E a ideia de imaginar os dois juntos? Nossa, é tão estranho que eu quase começo a rir alto. Seria como misturar pizza de calabresa com sorvete de morango — simplesmente errado em tantos níveis.

Saio da quadra, passando pelos garotos, e de repente sinto uma mão segurando a minha. Paro no meio do caminho e me viro, já sabendo quem é antes mesmo de olhar. John, claro. Ele tá lá com aquele sorriso bobo e adorável que só ele consegue fazer, do tipo "eu tentei parecer confiante, mas falhei miseravelmente".

— Eu trouxe um presente pra você! — ele fala, meio envergonhado, mas tentando parecer legal.

Minha curiosidade aumenta na hora, mas ele não me deixa tempo pra perguntar o que é.

— Na hora do almoço, eu gostaria de almoçar com você. Tudo bem?

E é claro que meu coração dá aquele salto básico, mas eu disfarço o nervosismo.

— Claro, John. Nos vemos no almoço, então. — respondo, tentando parecer casual.

Eu juro que estou me segurando para não sair da quadra pulando e dando estrelinhas, de tão eufórica que estou. Tipo, agora sim sinto que eu e John somos oficialmente namorados. Antes, éramos só dois amigos meio sem noção, andando de mãos dadas por aí, sem saber muito bem o que estávamos fazendo. Mas agora... ah, agora é diferente!

Enfim, de volta à realidade: estou sentada na aula de história, e é como se o tempo tivesse parado só para me torturar. O professor continua falando sem parar, mas eu já me desliguei há um bom tempo. Sério, ele poderia estar explicando como construir uma máquina do tempo, e eu ainda estaria aqui, perdida nos meus próprios pensamentos.

Olho para o lápis na minha mão e percebo que estou batendo ele no caderno, como se isso fosse aliviar a ansiedade. Daqui a pouco é hora do almoço, e a expectativa do encontro com o John tá me deixando mais nervosa do que eu gostaria de admitir. Pra piorar, minha barriga decide se manifestar bem na hora. Ela ronca alto, me lembrando que, além de estar a segundos de um mini ataque de ansiedade, eu também estou morrendo de fome.

Acho que, se eu sobreviver aos próximos minutos, vai ser Olho para o relógio na parede e, claro, ainda faltam quatro intermináveis minutos. Eu juro que, duas horas atrás, ele mostrava que faltavam cinco minutos. Só pode ser isso! O relógio deve estar girando mais devagar por pura preguiça ou, pior, como uma forma de punição divina por eu e metade da classe estarmos completamente alheios à aula de história. É como se o tempo estivesse se arrastando só para nos castigar por não prestar atenção no monólogo infinito do professor.

Solto um suspiro bem dramático e começo a olhar em volta. Meu olhar cai em Nike, que está, obviamente, desenhando em seu caderno, como sempre. Cada vez que olho, tem mais um desenho novo. Se fosse uma competição de quem desenha mais durante as aulas, ela ganharia fácil. Ao lado, Gabriella e Daniele estão trocando bilhetinhos discretamente, rindo de alguma piada interna que eu não faço ideia. Taty, como a verdadeira rainha da manicure, tá lixando as unhas embaixo da mesa, pensando que ninguém percebe. Mas sério, até o professor já deve ter notado isso há tempos.

Olho para o restante da turma e todo mundo parece estar no mesmo barco: cada um no seu mundinho, apenas esperando o glorioso, o abençoado, o doce som da campainha que anuncia o almoço. A ansiedade para ouvir aquele "triiiiim" é quase palpável. Até minha barriga roncaria de aprovação se pudesse.

A agitação é instantânea quando o alarme finalmente toca, como se todo mundo tivesse sido liberado de uma prisão. As cadeiras rangem, mochilas são jogadas sobre os ombros e a sala vira uma mini revolução. Eu acompanho a multidão, praticamente sendo levada pela corrente de gente que sai apressada para o almoço.

— Denise! — Ouço meu nome sendo chamado, e me viro para ver Tatyana. Ela vem na minha direção, seus cabelos soltos balançando, mas o que realmente chama minha atenção é a mecha dela. A mecha rosa que antes era super vibrante agora está completamente desbotada. Parece um chiclete mastigado que ficou perdido no fundo da bolsa. Meio estranho, para ser sincera.

— Oi, Taty! — respondo, tentando não encarar muito a mecha desbotada.

— Será que você pode ensaiar comigo depois da aula? Podemos ir até a minha casa. — Ela fala rápido, quase tropeçando nas palavras. — Estou com dificuldade em alguns passos e percebi que a treinadora me olhou esquisito... e anotou alguma coisa. — O pânico está claramente estampado no rosto dela, como se ela estivesse a um passo de um colapso.

Ela morde o lábio, nervosa, e continua: — Estou com medo de ser expulsa da equipe.

Eu tento não rir da paranoia dela, mas é impossível não achar um pouco exagerado. Quer dizer, a Fibby anota qualquer coisa, até quando uma formiga passa na quadra. Mas entendo o nervosismo da Taty. Ela sempre se preocupa demais com tudo, especialmente quando se trata de dança.

— Claro, eu só preciso avisar minha mãe. — respondo, já pensando que vou ter que mandar uma mensagem mega rápida no caminho.

Saímos da sala e mergulhamos no corredor que está, como sempre, uma zona completa. Alunos estão espalhados por todo lado, mexendo nos armários, pegando livros ou simplesmente jogando conversa fora antes de irem em direção ao refeitório. Dá pra sentir a energia de "finalmente, hora de comer" no ar.

— Vamos ensaiar na quadra? — pergunto, já imaginando que talvez a gente tenha algum espaço por lá, mas a Taty balança a cabeça imediatamente.

— Não, o time com certeza vai tomar conta da quadra depois das aulas. — Ela faz aquela cara de quem já tá antecipando o caos, entortando a boca enquanto pensa numa solução. Por um segundo, parece que ela vai entrar em crise de novo, mas aí, de repente, o rosto dela se ilumina, tipo uma lâmpada acendendo, e suas sobrancelhas sobem junto, toda animada.

— Podemos ir pra minha casa, o que acha? — sugere com um sorriso confiante agora, como se tivesse acabado de resolver a equação mais difícil do mundo.

— Por mim, tudo bem. — Eu dou de ombros e sorrio de volta.

Enquanto continuamos pelo corredor lotado, já fico imaginando como vai ser o ensaio na casa dela. Aposto que vai rolar algum lanche no meio — sempre rola.

Minha eu interior, que está sentada em um puff colorido, segura os pompons com toda a empolgação, já pronta para aproveitar essa nova vibe. Não consigo evitar o sorriso ao pensar que, depois de três meses desde que a Jojo foi embora, finalmente estou fazendo uma nova amizade. Sério, eu estava me sentindo tão sozinha, como se estivesse em um deserto social!

— Denise! — Ouço alguém chamando e me viro, dando de cara com John vindo em nossa direção. Ele está segurando algo nas mãos e parece tão ansioso que quase dá pra sentir a tensão no ar.

— É a minha deixa. Até mais tarde! — Taty diz rapidamente, e antes que eu consiga responder, ela já está saindo em direção ao seu armário. Uma parte de mim quase pede que ela fique, mas a outra parte está animada para conversar com John.

— Oi, John! Vamos almoçar? O treino com as meninas me deixou faminta! — eu digo, e mal termino a frase, sinto minhas bochechas queimando como se eu tivesse tomado um sol de verão. Que momento, né? Mas assim que vejo o sorriso dele se abrindo, como se tivesse ganho na loteria, meus ombros relaxam e a timidez dá lugar à alegria.

— Eu também estou com fome. — John responde, e eu consigo ver a expectativa no rosto dele.

— Ouvi dizer que temos almôndegas hoje! — digo, quase pulando de empolgação. — Você ama almôndegas!

— Como você sabe? — ele pergunta, com um olhar de surpresa e curiosidade.

— Tenho meus segredinhos. — dou um sorriso misterioso, como se tivesse acabado de revelar uma grande estratégia de espiã.

Ele me observa com aquele olhar curioso, enquanto fecho meu armário e seguro meu celular na mão. Então, meu olhar cai na caixinha quadrada e preta que ele está segurando. O que será que tem ali?

— E o que tem aí? — pergunto, não conseguindo conter a curiosidade. Ele parece dar uma leve sacudida, como se estivesse voltando à realidade depois de estar perdido nos próprios pensamentos.

— Ah, aqui, eu... — e, claro, o John tímido ataca novamente, ficando mais vermelho que um tomate.

Não posso negar, é muito fofo vê-lo assim. Um pouquinho de timidez só faz tudo ficar mais especial.

— Eu sei que ainda falta um tempo, mas eu quero saber se você gostaria de ir ao baile comigo? — ele pergunta, e eu congelo no lugar, encarando aqueles olhos castanhos que parecem brilhar com a pergunta. Meu coração dá um salto, e ele começa a mexer as mãos nervosamente, abrindo a caixinha que está segurando. Dentro dela, um corsage rosa claro brilha, delicado e lindo.

— Uau, que lindo! — digo, pegando cuidadosamente o corsage como se fosse um filhotinho muito frágil. Meu coração derrete ao sentir a suavidade das pétalas. — É realmente lindo.

— Isso é um sim? — ele pergunta, e consigo ver a ansiedade em seu olhar. O sorriso dele some por um instante, e a tensão no ar é palpável.

Coloco o corsage de volta na caixinha, e por um segundo, o silêncio se estende. Mas então, olho pra ele e deixo um sorriso escapar.

— Sim. Eu aceito ir ao baile com você, John.

Os ombros dele relaxam instantaneamente, como se um peso enorme tivesse sido tirado das suas costas. Ele fecha a caixinha, e a felicidade nos olhos dele é contagiante. Sinto uma onda de alegria invadir meu coração, e, pela primeira vez em muito tempo, tudo parece perfeito.

— Certo, eu... toma. — Ele me estende a caixinha, e eu não consigo segurar a risada ao ver como ele está todo atrapalhado.

— Acho melhor você guardar isso no seu armário. Afinal, você vai ter que colocar o corsage no meu pulso no dia do baile, né?

Ele acena com a cabeça, parecendo um pouco mais aliviado, e sai apressado, mas logo para, se vira e me chama com a mão. Eu o sigo, e juntos vamos até o armário dele. Assim que ele guarda o corsage, pego na mão dele e seguimos de mãos dadas para o refeitório.

Mas, claro, a fome desaparece, dando lugar a uma ansiedade que me deixa em um frenesi total. Estou tão animada que mal consigo pensar em comer! Para disfarçar, pego uma maçã e um suco de laranja. Isso deve ser o suficiente para eu me segurar até o final da aula.

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