Ecos da Selva
Peter saiu do necrotério com o peito pesado, as mãos frias e o coração latejando como um tambor do inferno. Entrou no carro em silêncio, jogou a prancheta no banco do passageiro e acelerou pela cidade sonolenta, passando por postes que tremeluziam como se quisessem contar segredos que ninguém mais queria ouvir.
Parou na frente da delegacia, desligou o motor. Ficou alguns segundos encarando o volante, depois desceu. Suas botas bateram no chão com o peso de quem carregava mais que armas e distintivos.
Dentro da delegacia, o silêncio era grosso, cortado apenas pelo tique-taque de um relógio antigo e o zumbido baixo da luz fluorescente. Entrou na sala, fechou a porta com um baque. Foi até a mesa, abriu a gaveta com uma chave que trazia pendurada no pescoço.
Ali, entre pastas empoeiradas, havia uma garrafa de uísque escocês quase pela metade.
Pegou. Destampou. Bebeu direto.
Deixou o líquido queimar sua garganta como se quisesse apagar o que acabara de ver. Fechou os olhos. E