Necrotério
Peter saiu da sorveteria e sentiu a umidade da tarde grudada na pele como um presságio. O céu estava mais escuro do que antes, mesmo sem chuva. O som dos próprios passos sobre o asfalto molhado soava mais alto do que deveria.
Ele caminhou até o carro estacionado na esquina e abriu a porta do motorista. Mas algo... não estava certo.
Ele parou. Não entrou. Manteve a mão na maçaneta e virou lentamente o olhar para o fim da rua.
Nada.
Exceto a sensação.
Como se algo, ou alguém, o observasse.
Suas mãos, acostumadas a armas, a emboscadas, aos becos sujos de segredos, tremeram por um segundo. Aquilo não era normal. Não era paranoia. Era instinto de caçador sentindo que virou presa.
Ele entrou no carro devagar e trancou as portas com um clique metálico. Ligou o motor. O retrovisor mostrava a rua vazia… mas ele podia jurar que tinha visto uma sombra deslizando atrás de uma árvore.
“ Devo estar ficando velho... “Murmurou.
Mas seu coração não achava isso.
Horas depois, no necrotério d