Ataque
No silêncio abafado da madrugada, apenas o tique-taque do relógio antigo e o rangido leve da cadeira de balanço davam vida à casa de Judy, a velha costureira.
A velha, de óculos escorregando no nariz, costurava sob a luz da velha maquina, puxando linha vermelha por entre a seda negra de um vestido encomendado para um funeral. O cachorro, um vira-lata velho de nome Rufus, roncava aos pés da mesa, a barriga subindo e descendo em ritmo tranquilo.
“ Esse ponto tá torto, desgraça…” resmungou Judy, puxando a agulha com força. “Se essa moça quer parecer elegante no primeiro dia de trabalho, vai ter que aceitar um pouco de sangue no tecido…” resmungou.
Foi então que algo estalou. Um som agudo, como unhas rasgando madeira. Judy congelou, o fio escorregando de seus dedos nodosos. O barulho voltou mais forte e um sopro de vento frio atravessou a fresta da janela fechada.
“ Rufus…?” sussurrou ela, os olhos apertando contra a penumbra.
O cachorro ergueu a cabeça, rosnando baixo, os pelos do