Fuga Inútil
A água fria escorria pelo rosto dele, mas não lavava nada. Nem o sangue seco da noite passada. Nem o gosto dela ainda preso em sua língua.
Peter apertou as mãos contra a pia do banheiro, encarando o próprio reflexo com raiva. Os olhos estavam avermelhados. Mas não pelo cansaço, ele sabia.
Era ela.
Elvira.
A maldita criatura que o havia seduzido, mordido, deixado seu mundo de cabeça para baixo e depois desaparecido, como um sonho perverso.
Desde aquela noite, ele não dormia. Não comia direito. E sempre ouvia passos, risos, sussurros... mesmo quando estava sozinho. Ou era coisas da sua cabeça.
Na delegacia, evitava o assunto. Evitava o nome. E principalmente... evitava qualquer lugar onde pudesse encontrá-la.
Ele mudou a rota do patrulhamento. Fez questão de ignorar a rua onde sabia que ela morava. Jogou fora qualquer lembrança e dela. Mas ela continuava lá. Na memória. Na pele.
No desejo.
Na maldita marca em seu pescoço.
“ Isso vai passar... “ Ele sussurrou para o espelho.