O caminho até o último portal era feito de silêncio.Não havia vento.Não havia cor.
A vegetação parecia suspensa no tempo, como se o mundo prendesse a respiração diante do que vinha a seguir.
O portão era negro, feito de obsidiana pulsante.
Sua superfície refletia não o rosto de Elena, mas todas as suas versões esquecidas.
A criança que sangrou e ninguém viu.
A jovem que quis gritar, mas sorriu.
A mulher que desejava, mas se calava.
Quando ela o tocou, uma dor antiga rasgou seu peito
Não física.
Espiritual.
E então, a escuridão a engoliu.
Elena acordou de pé, envolta em neblina cinzenta, em um bosque morto.
Troncos queimados.
Terra encharcada de sangue seco.
Corvos.
Estava sozinha… ou assim pensava.
“ Você não me conhece ainda”, disse a voz, fria como gelo derretendo em metal.
Uma figura encapuzada surgiu da névoa.
Alto, esguio, envolto em mantos escuros como breu.
Dela emanava um cheiro de ferro, de couro antigo, de terra molhada por lágrimas.
“ Sou Aine. Aquela que matou homens para