A Centelha

Elena saiu do centro do círculo, ofegante. Seus dedos tocaram o chão úmido e pulsante como se fosse carne viva. Ainda sentia o eco das entidades que a atravessaram, Melis e Aine deixaram nela memórias que não eram suas, mas que pulsavam sob a pele como cicatrizes de outras vidas.

O vento cessou.

.

E quando Elena ergueu o rosto, seus olhos por um instante brilharam com a cor do raio antes do trovão.

Beth correu até ela, os olhos inundados, as mãos trêmulas. Não hesitou. Segurou o rosto dela entre os dedos e sorriu, mesmo notando o olhar distante, a pele mais fria, o sutil estremecer de algo não-humano que agora dormia sob a pele de Elena.

"Você voltou... Meu Deus, você voltou.e conseguiu"

Mas Elena não respondeu.

Ela apenas olhava. Como se estivesse tentando reconhecer aquela mulher diante dela não com estranhamento, mas com um silêncio respeitoso. Um espaço entre transformação.

Beth, ainda assim, não questionou. Não importava o que Elena havia enfrentado, não importava o qu