Quando Elena abriu os olhos novamente, algo dentro dela já sabia — não estava mais no mesmo lugar.
Seus pés tocavam o solo úmido e vivo de um mundo que pulsava com uma energia antiga. Ao redor, uma floresta majestosa erguia-se como uma catedral sagrada. As árvores eram colossais, seus troncos retorcidos cobertos por líquens cintilantes, e suas folhas tremeluziam em tons impossíveis: prata líquida, esmeralda ardente, ouro opalescente. Era como se a própria natureza tivesse sido encantada por um feitiço ancestral.
Flores despontavam entre as raízes, abrindo-se lentamente como se respirassem. De dentro delas, escapavam filetes de luz — azuis, rosados, brancos — que dançavam no ar como poeira encantada. Os pássaros que cortavam o céu exibiam penas de cristal, refletindo os raios de um sol púrpura e dourado que se movimentava preguiçosamente entre nuvens translúcidas.
E o mais estranho… era o som.
Um canto.
Feminino.
Profundo.
Melancólico e poderoso.
Como se mil vozes ecoassem debaixo da t