O portal diante dela tremeuzia como um espelho líquido. A superfície oscilava, convidando e ameaçando ao mesmo tempo. Elena hesitou. Seus pés tocaram a beira e uma lembrança antiga, esquecida, afogada no tempo a golpeou como um punho invisível.
Água.
Profunda.
Gelada.
Ela tinha cinco anos. E estava afundando.
As vozes gritavam na margem, mas a água engolia tudo. Sons, luz, calor. Era só o peso da corrente, o silêncio opressor das profundezas, e a certeza terrível de que não voltaria. Não naquela vida.
A água nunca mais foi a mesma desde aquele dia.
Ela respirou fundo. O medo era tão real que o estômago se contraiu. O bebêpareceu mexeu levemente dentro dela, e Elena passou a mão sobre a barriga como quem procura uma âncora.
“ Vai. Em Frente ``. sussurrou para si mesma.
Avançou.
O líquido tocou seus tornozelos. Depois seus joelhos. Subiu. Mas não molhava despia. A cada passo, sua forma humana se diluía. A pele, as roupas, o peso físico... tudo se desfazia como tinta em aguarela.
Quan