Os pais do Isaac são médicos famosos, o pai dele tem o próprio hospital bem no centro de Cambridge e a mãe é uma cirurgiã conceituada. Não deve resultar muito essa notificação, vamos olhar para a pessoa que o Isaac se tornou. A criação dele deve ter sido precária.
— Estão dispensados. — A reitora Komiyama falou, olhando no rosto de cada um. Pego a minha bolsa e coloco nos ombros, ao me virar, sou surpreendida com a presença de um homem extremamente bonito na porta. Ao seu lado, Samantha estava babando por ele. Seus cabelos são pretos e seus olhos são de um azul tão penetrante que me sinto invadida, parece que ele sabe todos os meus segredos e pecados. E o perfume que se alastrou na sala é extremamente gostoso e... caro. Esse homem tem dinheiro. — Bem-vindo à universidade, professor Dean Bradley. — A voz da reitora estava tão distante. A minha atenção era apenas para aquele olhar atento a todos os meus movimentos. — Obrigado, reitora Komiyama Kita. Estou sendo muito bem recebido. — Ele respondeu, finalmente desviando os olhos de mim. A sua voz era tão profunda e grossa que sinto minhas pernas bambas. Olho para Patsy e sua expressão é engraçada. Faço um movimento de cabeça e começamos a andar na direção da porta, onde o professor novo ainda estava. Não pedi licença para ele. É um professor, então não é burro, e, ao chegar perto, ele abre passagem, liberando a pobre porta da sua presença forte. Ao passar por ele, tento ignorar a minha pele se arrepiando em todos os lugares possíveis. Caminhamos pelos corredores do prédio administrativo na direção da saída. Escutamos passos pesados atrás da gente e não preciso me virar para ver quem é. Mas não imaginava o que ele ia fazer. Sou bruscamente jogada contra a parede, bati minha cabeça com força e caí no chão. Fechei os olhos quando ele fez menção de me chutar. Mas não sinto nada, abro os olhos confusa e o professor novo está contendo Isaac contra a parede do outro lado do corredor. — Meu Deus! Você está bem!? — Patsy está completamente desesperada, tentando me levantar. — Sua têmpora está sangrando, vamos amiga, levante-se. Tento fazer esforço para me levantar, mas minha cabeça está girando e estou vendo tudo embaçado. — Não consigo, minha cabeça está girando, Patsy. — Minha voz está fraca. — Deixa que eu levo ela para a enfermaria. Só me guia pelo caminho. — A voz grossa e gostosa de antes chega até os meus ouvidos. — O que aconteceu? — Dessa vez é a reitora. — O Isaac bateu a cabeça da Judy contra a parede! — Patsy responde, exasperada. — Vou levar ela para a enfermaria. — Sim, faça isso. E você, me acompanhe agora para a minha sala. — A reitora manda e Isaac, com a cabeça baixa, segue-a. Isso é tudo que a minha visão péssima consegue enxergar. A visão está péssima, mas o olfato não. Sinto ainda mais de perto o perfume amadeirado do professor. Por onde passamos, olhares curiosos são lançados na nossa direção. Chegamos à enfermaria, que está vazia. Ele me deita na maca e senta na cadeira ao lado. — Não precisa ficar. Você tem muitas coisas para resolver. — Tento dispensá-lo. Ele nega com a cabeça. — Como professor responsável, é minha obrigação ficar aqui com você. — Ele responde com um sorriso fraco. Talvez esteja tentando me confortar. Mas a verdade é que não quero que ele me veja assim, nessa situação deplorável. Com a cabeça sangrando e, com certeza, meu cabelo deve estar todo sujo. Me recuso a chorar por causa disso, mas está doendo muito. — Meu Deus, Judy, o que aconteceu? — Maxine Frazier pergunta assim que vê meu estado. — O Isaac me agrediu. Me empurrou contra a parede e bati minha cabeça. — Respondo, Maxine fica com os olhos arregalados. — Ele teve coragem de fazer isso. Que filho da puta... — Maxine nem termina a frase quando a enfermeira-chefe entra na sala.