Capítulo 3

Matheson

Sou negro, charmoso e, segundo as mulheres — irresistível.

Não é ego inflado, é constatação. E não vou mentir: adoro ouvir isso.

Tenho um filho de seis anos que é o amor da minha vida. Sou divorciado, mas mantenho uma boa relação com minha ex. Por ele. Por nós.

Nada é mais importante que o bem-estar do meu menino.

Conheci Kevin na Alemanha. Inteligente, focado e dono de uma visão de negócios afiada. Bastaram alguns encontros e conversas regadas a bons drinks para que nos tornássemos sócios. Confiamos um no outro, e isso fez nossa parceria crescer. Mas mais do que isso — nos tornamos irmãos de vida.

Conheço sua filha, Sam, uma garotinha doce e observadora. Mas sua mãe... Ah, essa eu detestei logo de cara. O jeito como ela olhava pra mim, como se quisesse algo, como se desejasse controlar tudo e todos, me causava repulsa. Pior ainda era o modo como tratava a própria filha. Havia algo errado nela. Algo que me incomodava.

Kevin nunca a amou. Sempre foi claro. A mulher que ele ama, de verdade, é alguém do passado. Uma garota marcada pela dor, que ele conheceu ainda adolescente. Treze anos, ele tinha. E mesmo tão novo, falava dela como se fosse o amor da vida.

Ainda fala. E ainda ama.

Nunca vi um homem segurar tanto sentimento assim por tanto tempo.

Agora que ele está voltando para São Paulo para reorganizar os negócios, fiquei responsável pela boate. Ele quer mantê-la como investimento, e eu topei cuidar de tudo. Como arquiteto, redesenhei o espaço, projetei a reforma e entreguei tudo impecável.

O resultado? Um espetáculo. Moderna, luxuosa, pulsante. Uma obra da qual me orgulho.

E hoje era a grande inauguração.

Estava exausto, mas satisfeito.

Tudo estava pronto. Equipe treinada, luzes acesas, música no ponto e uma fila imensa na entrada. Os primeiros convidados entraram, e logo o lugar estava cheio. Gente bonita, animada, exatamente como eu queria.

Me sentei no bar para observar o movimento. Era minha parte favorita: ver as pessoas aproveitando o que construí com tanto empenho.

Foi quando a vi.

Uma loira... de tirar o fôlego.

Estava no palco, dançando como se o mundo não existisse. Sexy sem esforço. Natural.

Meu olhar grudou nela, e minha mente — bom, essa já imaginava o que faria se tivesse aquela mulher em meus braços.

Mas ela não estava sozinha. Dançava colada a um cara qualquer. E eu, mesmo sem conhecê-la, já odiava aquele desgraçado.

Segui com os olhos até perdê-la de vista. Voltei para perto do palco quando Kevin subiu ao microfone para se apresentar como dono da boate. Foi aí que a vi de novo — ao lado de uma mulher negra tão linda quanto ela. Duas deusas. Mas meus olhos... estavam presos à loira. E, por um instante, tive certeza: ela também me olhava.

Antes que eu pudesse me aproximar, Simone apareceu. Minha amiga — e às vezes, muito mais do que isso. Me beijou ali mesmo, ousada, como sempre.

Mas, mesmo com seus lábios nos meus, meus olhos procuravam outra.

A loira.

Já era tarde quando voltei pra casa. Ela tinha ido embora com o sujeito que devia ser seu namorado.

Inferno.

Fazia tempo que uma mulher não mexia assim comigo. Desde minha ex, para ser honesto.

Entrei, tomei banho e tentei esquecer — mas não consegui.

O rosto dela me perseguia. O sorriso, o corpo, o jeito provocante de dançar...

Era como se algo nela tivesse me marcado. E não apenas pelo desejo.

Simone poderia ter vindo comigo. Estávamos no maior clima. Mas não consegui continuar.

A loira desconhecida tinha invadido meus pensamentos... e meu controle.

Que droga foi essa que ela fez comigo?

Eu ainda nem sabia seu nome.

Mas sabia que, de alguma forma, a história dela estava prestes a cruzar a minha. E quando isso acontecer... não vai ter volta.

Era para eu estar transando agora. Bem gostoso.

Mas não.

Estou irritado, impaciente… e com a cabeça tomada por uma loira que mal conheço.

Que inferno!

Nunca fiquei assim por uma mulher. O desejo está me consumindo, e, pior, não é só físico. É como se ela tivesse deixado uma marca em mim com apenas um olhar. Maldito magnetismo.

Eu preciso transar. Urgente.

Vou ligar para Simone. Ela sempre resolve. Me conhece como ninguém e não complica. Amizade com benefícios é isso: prazer, sem cobranças.

— Daqui a pouco estou aí, gato… — ela respondeu ao telefone com aquela voz cheia de malícia. — Hoje quero sentir esse seu pau metendo fundo até eu não aguentar mais.

Simone é direta. Tarada do jeito que eu gosto.

Enquanto espero, tomo um whisky e tento tirar a loira da cabeça. Impossível. A maldita cena dela dançando com outro ainda está presa nos meus olhos. O cara parecia ser o namorado dela. Que sorte a dele… ou azar.

Porque eu vou atrás dela.

O interfone tocou. Abri o portão. Poucos minutos depois, Simone entrou com um sorriso safado e um sobretudo que ela fez questão de abrir assim que cruzou a porta. Estava nua. Corpo impecável. Olhar predador.

— Estava pensando em você… — ela sussurrou, aproximando-se e me beijando com fome. — Me masturbei duas vezes só imaginando esse seu pau.

Eu a puxei para mais perto. Nossas bocas se encontraram com intensidade. Ela se abaixou e caiu de boca em mim. Mas, mesmo com aquela mulher linda me chupando com vontade, meus pensamentos estavam presos em outra.

Na loira.

Simone percebeu minha tensão e intensificou os movimentos. Em poucos minutos, explodi em sua boca. Ela lambeu tudo com gosto e me puxou para o sofá.

A noite foi um espetáculo de luxúria. A beijei com força, explorei cada parte do seu corpo. Chupei seus seios, desci a língua entre suas pernas e a deixei se contorcendo de prazer. Meu nome escapava entre gemidos altos, suados e intensos.

Penetrei forte, com vontade, como se quisesse arrancar da mente o rosto de outra mulher. Mas não consegui. A loira estava ali, mesmo ausente, como uma sombra grudada em mim.

Troquei a camisinha. Simone me olhou com um sorriso safado.

— Agora é meu ânus, né? — provocou.

— Fica de quatro. — respondi, firme.

E ela obedeceu com prazer. O gemido que soltou quando a penetrei de novo preencheu o ambiente. Ela gritava, se entregava, rebolava com gosto. E eu metia forte, sem piedade, descarregando toda a frustração daquele dia.

Quando acabamos, ambos ofegantes, ela se levantou e começou a se vestir. Sorriu ao ver minha expressão cansada.

— Vai me expulsar?

— Pelo contrário… Fica. Dorme aqui. Está tarde.

— Se eu ficar, vou querer mais. E amanhã tenho show. Mas obrigada, gostoso… — beijou meus lábios e piscou. — Essa noite foi tudo.

Sorri.

— Sempre um prazer, Simone.

Ela foi embora. E eu fiquei ali, sozinho no silêncio da madrugada, com o corpo saciado…

Mas a mente?

Ainda cheia daquela loira que virou minha obsessão.

Mal sei seu nome. Mas já decidi: vou encontrá-la. E dessa vez, nada vai me impedir de tê-la.

Já passava do meio-dia quando finalmente acordei. Meu corpo ainda carregava os resquícios da noite anterior — suor, prazer e o cansaço de quem teve uma transa digna de lembrança. Simone sabia mesmo como satisfazer um homem.

Levantei sem pressa, mas o pensamento que me atingiu logo em seguida fez meu humor mudar bruscamente: hoje é domingo, e a boate abre.

E Kevin... sumiu. Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nenhuma explicação.

Fiquei de pé no meio do quarto, coçando a cabeça, sentindo um incômodo crescente.

Ele nunca agiu assim. Não sem motivo.

Um pensamento atravessou minha mente como um raio.

Será que aconteceu algo com a Samantha?

Não.

Não pode ser.

Aquela garota é uma rocha. Forte, inteligente e esperta. Se não fosse por alguns traços mais sutis em seu rosto, ninguém notaria que ela tem síndrome de Down. E mesmo que notassem, ela já teria quebrado qualquer preconceito com seu jeito doce e direto.

Sam é uma das poucas pessoas neste mundo por quem eu tenho um carinho genuíno. E só por isso já detesto a mãe dela com todas as minhas forças.

Magda.

A mulher me causa náuseas.

Sempre me olhou com malícia, como se pudesse me provocar, mas era só fachada. Por dentro, é podre. Nunca a vi demonstrar afeto verdadeiro por Sam. E qualquer pessoa que maltrate uma criança — ainda mais sua própria filha — não merece respeito.

Nem perdão.

Por um breve instante, imaginei se ela tinha sofrido um acidente. Ficado aleijada. Ou... pior.

Deus me perdoe.

Mas talvez o mundo ficasse melhor sem ela.

Sacudi a cabeça, afastando aqueles pensamentos. Eu precisava me concentrar.

Às sete da noite, cheguei na boate.

O movimento já era intenso. Luzes pulsando, música vibrando nas paredes, clientes dançando, rindo e enchendo o lugar de energia.

A casa estava lotada. E o meu ego agradecia.

Tudo estava correndo perfeitamente bem até que meus olhos se prenderam em um ponto específico da pista.

Ela.

A loira.

De novo.

Rebolando com uma sensualidade que parecia natural, como se o corpo dela dançasse por conta própria. Ela estava ainda mais bonita sob aquelas luzes, o cabelo solto balançando a cada movimento, o sorriso provocante. Me hipnotizou sem nem tentar.

Desci até a pista, determinado a me aproximar. Queria ver de perto, sentir sua presença. Ela estava distraída e, no meio da movimentação, acabou esbarrando em mim. Sem nem levantar o olhar, já disparou:

— Olha por onde anda, seu idiota!

Arqueei uma sobrancelha, surpreso.

Mas quando ela levantou os olhos e me encarou, algo eletrizou o ar entre nós.

Azuis. Brilhantes. Indomáveis.

Ela me reconheceu. Mas não recuou. Não pediu desculpas.

— Você que esbarrou em mim, sua chata. E ainda sai xingando? Aprende a olhar por onde anda!

— Vai se ferrar, seu nojento! Você que estava no meu caminho! — ela rebateu, me lançando um olhar que parecia me despir. — Agora sai da minha frente.

E foi embora.

Que mulher.

Brava. Linda. E completamente malcriada.

E eu?

Eu estava fascinado.

Esperei.

Fiquei plantado perto do banheiro feminino, como um maluco obcecado, até que ela saísse. Quando a porta se abriu e ela deu um passo para fora, eu agi sem pensar. A puxei pela cintura e beijei sua boca com força.

Ela tentou resistir. Por alguns segundos.

Mas então... me deu passagem.

Nossa língua se encontrou, quente, urgente. O beijo foi mais do que um beijo — foi uma promessa não dita. Meu corpo reagiu na hora. Fiquei duro só com aquele contato.

E mesmo assim, ela me empurrou e saiu correndo.

Quase sorri.

Agora é pessoal.

Eu vou conquistar aquela mulher.

Nem que tenha que passar por cima do orgulho dela — ou do namorado, se for o caso.

Mais tarde, já em casa, peguei o celular e liguei para Kevin. A preocupação ainda me roía por dentro.

Ligação ON:

— Kevin! Que merda está acontecendo, cara? Você sumiu da boate, desapareceu! Está tudo bem?

— Está tudo tranquilo, Matheson. Não se preocupa. Precisei resolver umas coisas. Desculpa por não avisar antes. Depois a gente conversa melhor.

— Certo... Mas olha, a boate bombou! O público amou. Você mandou bem, meu irmão.

— Nossa boate. E obrigado, cara. De verdade. Sem você, isso aqui nem sairia do papel.

— Ah pronto! Está sentimental agora? Que droga é essa? Está me parecendo uma mulherzinha. — provoquei, rindo.

— Vai se lascar. Vai procurar uma namorada, palhaço. Está precisando.

Desliguei sorrindo.

Mas meu sorriso logo se transformou em pensamento sério.

Talvez eu tenha, sim, encontrado alguém.

Ou melhor, esbarrado nela. Literalmente.

Alta. Curvas de tirar o fôlego. Loira com olhos que podiam incendiar qualquer homem.

E um beijo...

Um beijo que eu ainda sentia nos lábios.

Agora o desafio era encontrá-la de novo. Saber quem era, onde morava, e — principalmente — se era solteira.

Na noite anterior, estava acompanhada. Mas hoje parecia estar sozinha. O cara era apenas um amigo? Um ficante? Um namorado idiota que deixa uma mulher daquela sozinha em uma boate?

Se for... ele é um tolo.

Porque se eu tiver uma chance, só uma, vou mostrar a ela o que é ser realmente desejada.

O problema é que ela parece ser brava. Arisca. Arrogante.

Mas eu sei lidar com esse tipo de mulher. Gosto do desafio. Gosto da resistência.

E, sinceramente, estou adorando a ideia de domar aquela fúria.

Ela vai ser minha.

Mesmo que ainda não saiba disso.

Naquela noite, deitei na cama com o corpo relaxado, mas a mente agitada.

O rosto dela, sua boca, os olhos… Tudo em mim gritava por ela.

Maldito feitiço.

Era apenas o começo.

Mas meu instinto dizia: aquela mulher ia virar meu mundo de cabeça para baixo.

E eu estava mais do que pronto para isso.

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