Para poder assumir a empresa, Albert precisa se casar. O que ele jurou diante do tumulo de Raquel que jamais faria. Ou ele se casa e assume o lugar do pai, ou mantém sua promessa e deixa que seu irmão tome conta de tudo e em menos de um ano o que sua família lutou para construir não existirá mais.
Ler maisALBERT
— Albert?! Acorda meu amor. -escuto Raquel me chamando. Ela sempre faz isso pela manhã. Abro meus olhos, mas ela não está ali. Levanto-me rápido, a procuro no banheiro.
— Raquel? -grito seu nome. Ela não me responde.
— Raquel meu amor, onde você está? -abro a janela e ela também não está no jardim. — Aonde você está? -caio de joelhos desesperado por não te-la encontrado.
Minhas lágrimas inundam meu rosto.
***
— Albert?! Acorda. -minha mãe está ao lado da minha cama me chamando. — O que foi? Você está chorando filho?
— Estava tendo um pesadelo horrível. Eu chamava por Raquel e ela não aparecia, fiquei desesperado.
— Filho. Raquel realmente não está mais conosco. -minha ficha cai. Raquel se foi faz quatro anos. E ainda me sinto assim, como se um buraco estivesse no lugar do meu coração. — Não fique assim filho, vá se trocar e desça para comer com seus filhos.
— Tudo bem, mãe, já desço.
Vou para o banheiro, deixo as águas escorrerem por meu rosto levando minhas lágrimas junto. Chorar em frente aos meus filhos não é uma opção, eles já sofreram e sofrem demais com a ausência dela.
O meu melhor terno é o preto de sempre que me faz lembrar todos os dias que Raquel não está mais comigo.
Minha familia está toda reunida em volta da mesa, meus pequenos e meus pais que vieram morar comigo após o falecimento da Raquel. Eles acham que não consigo cuidar das crianças direito. O que não é uma mentira das maiores. Após tudo, não consigo me conectar com eles, quando os vejo eu a estou olhando, cada um com uma particularidade dela.
— Albert, você tem pensado sobre a proposta que fiz para você? Já está na hora de decidir o que vai fazer da sua vida. Se quiser assumir a empresa, me mostre que está pronto para seguir em frente.
— Pai aqui não é o momento para conversar sobre essas coisas.
— Aqui é, sim, o momento certo. Não são crianças? O pai de vocês não deveria arrumar uma namorada?
Max e Anne fecham o semblante enquanto Bem, todo feliz, diz que sim. Ele era apenas um bebe quando aconteceu tudo. Max e Anne já entendiam alguma coisa sobre a mãe, então para eles as coisas foram e são um pouco mais difícil.
— Seu avô está apenas brincando meus amores, vão acabar de se arrumar para irem a escola.
Eles saem da mesa.
— Pai já disse que não é para falar dessas coisas na frente deles.
— Eu já me cansei de ficar com tatos perto deles, eu já te disse. Ou você se casa para ter a empresa toda para você ou vou ter que deixar para seu irmão.
— Mas ele é um irresponsável pai!
— Já estavam falando de mim família? Bom dia para vocês também! É por isso que senti minhas orelhas pegando fogo. Bom dia, irmãozinho.
Meu irmão é 10 anos mais novo que eu, mas não quer nada na vida além de baladas, álcool e mulheres. Meu pai está me colocando contra a parede me forçando fazer uma escolha, a empresa de tecidos que sempre trabalhei será minha ou em pouco tempo após ir parar nas mãos do meu irmão será resumida a pó.
— Estávamos falando de quanto você é babaca Neithan. E acabara com a empresa rapidinho depois que assumir.
— Então você já está entregando-a para mim? Que beleza, já temos um vencedor papai.
Ele diz sentando-se ao lado da mamãe.
— Vocês se decidam, enquanto ainda estou bem vou indo para a empresa, espero vocês lá.
— Daqui a pouco chego lá para dar oi para aquela sua secretária gostosa.
Neithan se refere a Helena, a secretária do meu pai. Ela já trabalha para nós a um tempo, sua mãe é costureira e tem uma dívida com a empresa, pois a mesma pegava tecidos conosco e não conseguindo pagar Helena veio trabalhar para pagar a dívida da mãe.
Ela trabalha muito bem, sempre cuidadosa e atenta com seu trabalho e com meu pai.
— Vou com você, pai, já acabei aqui. -digo e sigo meu pai.
Dentro do carro o questiono sobre esta atitude de dar a empresa para Neithan.
— Eu já te disse Albert. Estou fazendo isso por você, lá na frente você vai me agradecer pela atitude que estou tomando hoje. Detalhe... Te dou um mês para resolver isso! Este é o momento em que estarei me aposentando, então se não quiser ver tudo pelos ares se apresse.
Fico pensativo. Como agradeceria ele? Sendo que ele quer que eu coloque outra mulher na minha casa e de Raquel, que outra mulher cuide de meus filhos, aqueles que Raquel sempre cuidou com tanto carinho e quis cada um deles. Não posso deixá-los na mão de ninguém. Ninguém poderia cuidar deles como ela.
Na minha opinião ele acabará com essa ideia de casamento rápido, quando ele ver que Neithan não é capaz de cuidar de tudo, ele não teria coragem.
***
— Bom dia. -Helena nos cumprimenta.
— Helena, por favor marque uma reunião para hoje, com todos os funcionários no fim da tarde.
— Ok senhor.
— Por que quer uma reunião com todos, pai?
— Você saberá na hora certa. Agora vamos ao nosso trabalho. Te vejo mais tarde, não se atrase.
Passo o dia todo esperando a reunião e as declarações de meu pai. O que ele poderia falar que precisaria da presença de todos?
***
— Helena? Você sabe sobre o que meu pai vai falar na reunião hoje? -tento tirar algo dela.
— Desculpa senhor. Mas o presidente não me disse nada. Então não sei do que se trata a reunião de hoje.
***
Esperar é a única opção.
***
— Boa tarde, gente. Hoje chamei vocês aqui porque tenho uma notícia para dar. Vocês sabem que nossa empresa tem uma grande história e todos vocês fazem parte disso, dessa construção. Então, não tem como vocês não serem os primeiros a saberem da minha decisão. Daqui a exatos um mês estarei me aposentando do cargo da presidência, estarei aproveitando minha vida com a minha linda esposa. Quem assumira meu lugar vocês saberão mais a frente.
Ele faz isso para me pressionar. O que pensei que seria apenas um blefe se faz verdade. Não sei o que posso fazer diante disso.
HELENANão sei bem ao certo o que estou fazendo da minha vida na realidade, só estou deixando o rio fluir e ele vai me levando até algum ponto que eu precise decidir.Eles estão esquisitos, desde que saímos do hospital a tensão entre os irmãos está tão horrível. Albert está tenso, Neithan assovia como se estivesse muito feliz. Avisei Sophie e estamos esperando que ela apareça para seguirmos, esperamos um pouco até ela aparecer, balançando sua mala, andando graciosamente, com seu cabelo em um corte Chanel loiro, rebolando com seu corpo escultural como se nada estivesse acontecendo.-Ela está ali. -falo apontando a loira. -Linda, não é Neithan? -falo batendo em suas costas.-Não tanto quanto você, Helena. -fico envergonhada, mas entendo a brincadeira dele. Agora que sabe da história toda, fica brincando comigo assim.-Para com isso, seu bobo. -digo sorrindo.-É sério, ela é uma graça, mas não se compara a você. -olha pelo retrovisor piscando para mim. Albert está tenso, não mexe um músc
ALBERTAbro meus olhos e outros olhos pretos me encaram assustada. Com olheiras, cabelo bagunçado e a mesma roupa de ontem.-Oi, chatão. Como foi o sono? -dou risada, me ajeitando na cama.-Ótimo, descansei. E você não está nada bem também, hein. -ela olha para si mesma. -Não dormiu, foi?-Até tentei, e ainda, comi agora que Neithan me trouxe, ela te mandou um abraço, ele não conseguiu ficar esperando você acordar.-O que ele veio fazer aqui? -ela fecha seu semblante. -O que você fez, Helena? -sei que ela fez merda só por sua cara.-Acabei contando para ele sobre nós... -fico sem acreditar.-Não acredito, Helena, que merda você tinha que abrir sua boca.-Eu não tinha outra escolha, ele estava tentando forçar nosso casamento, falando sobre só nós dois irmos para a casa de campo de vocês. Eu precisava falar, caso contrario, ele ficaria forçando a barra, e você já está desse jeito, não queria te deixar aind
HELENA-Ela estava indo para casa e o carro perdeu o freio, acabou caindo no mar. -fico prestando atenção. -Aquilo tirou Albert do seu mundo, ainda mais por ele não ter conseguido se despedir.-Como assim? -pergunto.-O carro estava tão fundo que não foi possível retirá-lo, então o corpo dela ficou lá. Fizemos a cerimônia e fomos até ali jogar algumas flores para ela. Albert, na época, foi considerado suspeito de mandar matar Raquel, pois era para ele estar junto com ela. Ele ficou tão mal, e ao longo provamos que essa reunião foi de última hora, nada programado.-Meu Deus! Era para ele ter morrido junto?! -Neithan balança a cabeça que sim.-Acho que ele se senti triste por não ter morrido junto. Ou ao menos no lugar dela. -ele fala. -Achei que ele nunca sairia daquele fundo do poço, até ele encontrar você. -ele segura minha mão. -Que bom que você apareceu na vida dele, Helena. Esse sentimento deve estar fazendo-o ficar confuso. Ele nunca foi de se
HELENAMinha mente fica girando. Quem poderia mandar uma mensagem dessa? Magoar uma pessoa assim. Após a conversa com Albert, aviso o médico sobre sua crise de choro e um calmante foi ministrado para ele, que agora está dormindo. Não consigo pegar no sono, pego meu telefone e ligo para Neithan, que demora um pouco para me atender.- Me diz que é sério, se não vou ficar muito bravo. - sua voz rouca me faz sorrir e entender que ele estava dormindo.- É sério, sim. Você pode vir aqui pela manhã? Preciso conversar seriamente com você. Mas ninguém pode saber disso. Nem seus pais, ninguém entendeu?- O que aconteceu? É alguma coisa com Albert? - ele pergunta, preocupado.- Não, ele está bem. Mas é sobre ele sim. Amanhã nós conversamos. Vai continuar dormindo. Boa noite!- Tá bom. Boa noite, cunhadinha.&nb
ALBERTQuando acordo, meus pais estão parados na minha frente, Neithan e Helena ao lado, o médico me diz o que devo fazer e o que não fazer. Fico meio confuso sem entender o que eu estou fazendo ali, o que parece ser um hospital. E aos poucos minha mente vai clareando e me lembro da mensagem que recebi. O remorso me pega completamente e desconto tudo o que tenho aqui dentro em Helena. Não vejo motivo para vê-la aqui. Ela sai e fico completamente confuso pensando na negativa dela em aceitar acabar com essa farsa.Ela primeiramente não queria aceitar isso e agora não quer mais deixar passar. Minha mente está completamente confusa, em deixar tudo como está, meus filhos felizes, minha família feliz, sorrisos pela manhã ou voltar ao que era antes. É muito melhor ficar como era antes. Raquel não vai ficar triste, tudo ficaria em paz, é isso que preciso: paz. A dúvida do que fazer, se continuo ou não, me pega. A confusão vem até minha mente, de como não pude ver seu corpo no
HELENALogo pela manhã, recebo mensagem de um número que não reconheço me dizendo que Albert passou mal, e me enviando um endereço que parece ser de um hospital. Me arrumo rapidamente e vou direto para lá. Chegando ao hospital, me informo sobre Albert e sou encaminhada até lá. Neithan está do lado de fora do quarto.-O que aconteceu? -pergunto ansiosa.-Não sabemos, ele simplesmente apagou, foi do nada, estávamos conversando e do nada ele... - diz apressadamente.-Calma vai ficar tudo bem. E cadê seus pais?-Estão lá dentro, as crianças ficaram em casa. Vamos entrar, ele vai querer te ver.-Não precisa... -ele nem me deixa acabar e já está me arrastando com ele para dentro do quarto, Albert está deitado, aparentemente dormindo, e seus pais sentados ao seu lado.-Oi Helena, que bom que você está aqui. -sua mãe levanta me abraçando, me sinto mal por estar mentindo assim para pessoas que realmente se importam comigo e que ficam felizes com minha presença.-Oi, como ele está? -pergunto.-
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