Enzo Albuquerque
O mundo podia ter parado naquele momento, e eu nem notaria.
Saí do hospital com passos trôpegos, sem saber exatamente para onde estava indo. As vozes ao meu redor eram distantes, abafadas, como se eu estivesse debaixo d’água. Tudo em mim tremia — as mãos, as pernas, o coração. Meu peito parecia pequeno demais para suportar o turbilhão que me engolia por dentro.
Um filho.
Ela escondeu um filho de mim.
O meu filho.
Sentei no banco do carro e fiquei ali por minutos ou horas, não sei, encarando o volante. Peguei o celular. Minha primeira reação foi procurar o número da minha mãe. O polegar pairou sobre o contato, hesitante. Tentei ligar, mas, por algum motivo, não consegui apertar o botão de chamada. Algo em mim dizia para não fazer isso.
Dirigi como um zumbi até meu apartamento. Quando atravessei a porta e a fechei atrás de mim, o silêncio me atingiu como um soco. Um silêncio cruel, vazio, que amplificava cada pensamento. Joguei as chaves no balcão e fui até a sala, ca