Eu deveria estar acostumado. A esses almoços, a esses convites que parecem mais uma obrigação do que um gesto de carinho. A essas conversas vazias cheias de segundas intenções, aos olhares calculistas da minha mãe enquanto despeja uma enxurrada de palavras que mal me interessam. Mas, ainda assim, toda vez que sento à mesa com ela, me sinto como um adolescente rebelde, entediado, desconectado do mundo em que ela vive e insiste em me arrastar junto.
O restaurante era um daqueles lugares requintados que cheiram a dinheiro e pretensão. As paredes de vidro permitiam uma vista ampla do lago artificial do clube, onde alguns velhos ricos fingiam se importar com esportes aquáticos enquanto suas esposas ostentavam roupas de grife e bronzeados artificiais. Eu nunca gostei daquele ambiente, mas ali estava eu, sentado em uma cadeira desconfortavelmente dura, escutando minha mãe tagarelar sem parar.
— ...e você precisava ter visto a Juliana Brandão ontem na noite de gala. Estava deslumbrante! Um ve