Dois dias. Quarenta e oito horas que pareceram mais longas que toda a minha vida. Foram dois dias de orações sussurradas, de mãos trêmulas apertando as de Enzo, de olhos fixos no monitor cardíaco e ouvidos atentos a cada passo, cada bipe, cada sinal de que o nosso menino estava ali... resistindo.
O som dos sapatos da médica ecoando pelo corredor me despertou do torpor. Enzo segurava minha mão e me olhou. Não disse nada, mas senti a mesma tensão atravessar seu corpo. Levantei num pulo quando a doutora parou à nossa frente com um sorriso pequeno, mas verdadeiro.
— Ana Luiza, Enzo... — ela começou, consultando a prancheta. — Vim trazer boas notícias.
Senti o coração disparar no peito.
— O organismo do Nando reagiu muito bem ao transplante. O enxerto foi aceito sem rejeições significativas. Os índices estão excelentes para o tempo pós-operatório e, com isso, poderemos dar início à próxima etapa do tratamento contra o linfoma.
Foi como se eu voltasse a respirar depois de dois dias presa em