Havia algo reconfortante em estar rodeada de gente que te conhece nos seus piores dias e ainda assim escolhe te amar. Murilo era um desses para mim. E agora, com o vinho fluindo e a pizza quase no fim, eu sentia meu humor finalmente começando a se levantar das cinzas como uma fênix meio torta e com ressaca.
Nando já estava no terceiro sono, depois de ter enchido a barriga de doce e me feito prometer que assistiríamos desenho pela manhã. Murilo e eu estávamos jogados no tapete da sala, a luz do abajur tornando tudo mais suave, e a comédia romântica que passava na televisão era de um gosto duvidoso, mas cumpria seu papel: nos fazia rir.
Entre uma risada e outra, o celular de Murilo vibrou.
— Mensagem da Bia — disse ele, pegando o celular e franzindo o cenho. — Ela teve uma noite horrível com um cara. Parece que foi um desastre de encontro.
— Tadinha. Manda ela vir pra cá! Quanto mais, melhor. A gente forma o clã dos desiludidos e joga esse sofrimento no vinho.
Murilo já estava digitando