David Miller –
O som dos disparos tomou conta de tudo.
O vidro do carro estourou ao meu lado e pequenos estilhaços cortaram meu braço, me fazendo sentir a ardência.
O cheiro de pólvora, fumaça e sangue se misturava ao ar pesado da mata.
—Acelera, Augusto! — Gritei, mesmo sabendo que ele já fazia o impossível.
O carro saiu derrapando na curva de terra e os pneus levantaram uma poeira que por um segundo nos protegeu da mira deles.
Mas não por muito tempo.
Outros tiros vieram, atingindo o porta-malas, o para-choque, o vidro dianteiro.
Pelo retrovisor, pude ver Amanda despertando e coçando os olhos, tentando entender aonde estava.
—O que está acontecendo? – Perguntou ela histérica, olhando para trás. —Minha nossa, nós vamos morrer!
—Cala a boca! — rosnei, olhando-a pelo retrovisor. —Você causou tudo isso!
Ela me lançou um olhar carregado de ódio, mas não me importei. A raiva dela não era maior que a minha naquele instante.
De repente, uma bala atravessou o capô e Augusto perdeu o controle