Fernanda Castellane
A luz baixa da sala é o único brilho que me acompanha, refletido discretamente no vidro da televisão enquanto a série Rainha Charlotte continua tocando. Estou largada no sofá, só de robe, as pernas dobradas sob o corpo e uma garrafa de vinho descansando preguiçosamente na minha mão.
Charlotte acabou de dar uma resposta afiada para o rei, e eu dou uma risada baixa.
Tão poderosa.
Tão dona de si.
Queria me sentir assim agora.
Pego o celular para ver as horas.
21h30, então vejo a mensagem dele... ele vai vim... não, já deve está chegando! porra! tem uma hora que ele enviou essa mensagem.
— Droga... — murmuro, me sentando de forma mais ereta.
Meus pés deslizam sobre o chão frio da cozinha. Abro a geladeira, fecho. Olho para a bancada. Nada me inspira, não, não tem nada rápido e fácil para preparar.
— Não vai dar tempo de preparar nada pra ele...
Meu olhar vai para o forno do fogão, a ideia simplesmente surgindo na minha cabeça. Mordo lábio.
— Comer... — abro um sorriso,