Capítulo 4°

Nina fez o caminho de volta e Luca já a esperava do lado de fora.

Luca disse impaciente:

— Nina, o seu pai chegou já faz um tempo! Porque demorou tanto!

Nina arrancou as luvas pretas e tirou o capacete dizendo:

— Papá corre risco Luca! Amanhã precisamos protegê-lo!

Luca ficou nervoso e começou a misturar os idiomas:

— Non credo! O non mi aguento ma isso, han?

Nina sacudiu a cabeça friamente e empurrou a porta de ferro que dava para dentro da casa.

Esperou Luca guardar a sua moto, que para todo efeito era dele e depois saiu de trás dos arbustos com cuidado, recebendo cobertura do homem que fazia ronda normalmente todas as noites.

Nina escalou a parede externa que dava para uma extremidade do corredor de quartos, depois empurrou a janela e entrou. Em seguida desamarrou a corda e a deixou cair aos pés de Luca.

O homem desapareceu na escuridão do jardim lá embaixo. Nina se virou e caminhou até o seu quarto na ponta dos pés. Quando entrou, foi direto ao closet. Afastou umas roupas do armário e alcançou com a mão uma portinhola através de uma parede falsa. Fez uma pressão para trás e deixou à vista um arsenal de armas.

Suspirou lembrando dos homens armando para matar o seu pai e disse com voz fria:

— Vou acabar com todos os ratos!

Nina bateu a portinhola com força e saiu em passos largos para o chuveiro.

No dia seguinte, estava tudo planejado. Nina já havia descido pela corda, as armas que iriam usar. Dois fuzis e bastante munição.

Luca, sempre discreto, deixou o furgão preto estacionado próximo à mansão.

Depois que Nina desceu, vestida de preto como sempre, Luca a acompanhou pela saída secreta, só que desta vez ele iria com ela.

Caminharam rapidamente até o carro.

— Senhor Salvatore acabou de sair. Temos que ser mais rápidos, Nina! Temos que evitar essa tragédia.

Nina tinha o olhar frio para a estrada, enquanto falava:

— Você sabe como cortar caminho Luca! Eu quero acabar com aqueles ratos!

— Ma eu ainda penso que seria meglio contar tutto a tuo padre e evitar essa sangria desnecessária, há?

Nina riu zombeteira, depois disse:

— Papá iria te matar Luca! Imagina ele descobrir que você leva a filhinha dele para o crime.

Luca rebateu nervoso:

— Ma io nunca quis que tu matasse ninguém, han?

Nina perdeu a paciência e começou a falar:

— Cala boca Luca! Você vai salvar o seu patrão! Vai virar herói!

Luca meneou a cabeça reprovando a patroa. Mas ele sabia que ela era tão teimosa quanto o pai.

Estacionaram a beira da estrada e desceram, portando um fugiu cada um e levaram munição presa ao corpo.

Depois de descer rastejando até os fundos do galpão, surpreenderam os dois seguranças com um mata-leão. Nina também tinha essa habilidade. Mas lá dentro havia muitos homens.

Um deles estava sentado à uma mesa com uma maleta na mão.

Nina e Luca se entreolharam. Os dois pensavam a mesma coisa:" não havia dinheiro algum ali. Era uma armadilha para enganar Salvatore.

Os dois recuaram, deram dois passos para trás e em seguida entraram atirando. Os homens caíram abatidos e surpreendidos.

O homem sentado à mesa ainda agonizava.

Nina caminhou até ele com o olhar brilhando de ódio e gritou:

— Quero a grana! Fala logo desgraçado!

O homem sangrava pela boca e tentou cuspir em Nina, mas não tinha força.

De repente, um disparou.

Era Luca que abateu com o seu fuzil um homem que apontava uma arma para Nina.

Ela voltou a olhar friamente para o homem caído na cadeira e o chutou, fazendo-o cair ao chão.

— A grana porco!— ela exclamou inclinando-se para ele.

— Vem Nina! Esse rato já está morto!— Luca gritou se encaminhando para um corredor de caixas que devia conter munições.

Nina o acompanhou e entraram numa pequena sala. Havia um cofre que se abriu depois de muitos disparos de fuzis.

— Pegue o que puder Luca!— Nina ordenou.

Luca tirou de dentro do casaco um saco preto e o encheu com as notas de dólar.

Os dois saíram rapidamente dali e depois de conseguirem ficar a alguns metros daquele lugar, recarregaram os fuzis com a munição que traziam presa ao corpo e dispararam contra o galpão.

Houve uma explosão lá dentro.

Os dois se olharam sorrindo.

— Era pólvora!— Luca deduziu, se referindo aos caixotes lá dentro.

Os dois se viraram e caminharam tranquilamente de volta ao furgão. Saíram em disparada e ainda cruzaram com Salvatore, mas não foram reconhecidos, pois era noite e estavam em alta velocidade.

Salvatore ficou desolado ao ver o galpão em chamas.

— Dio mio!— só foi o que ele conseguiu pronunciar com os olhos lacrimejando, ao pensar no dinheiro que veio buscar.

Um dos homens segurou o seu braço e disse:

— Melhor sairmos logo daqui, senhor! A polícia logo chegará.

Salvatore assentiu com a cabeça e entrou no carro.

Pouco depois, ele entrou em casa cabisbaixo e encontrou Luca na sala.

— Dio mio Luca! Que triste estou amigo!— ele desabafou chorando.

Luca se afastou do patrão e disse com voz sofrida:

— Don Salvatore, ma io non gosto de ver o signore triste assim!

— Ma o mio dinheiro Luca é exploso tutto han!

Luca olhou para o alto da escada e viu Nina sorrindo, inclinando-se à espreita.

— Venha Don Salvatore! Eu tenho uma surpresa para o senhor!— Luca disse olhando para Nina e puxando o patrão pelo braço.

— Ma que passa Luca? — Salvatore quis saber, enquanto se deixava levar para o interior do seu escritório.

— Mio Dio!— ele exclamou sorrindo ao ver o saco de dólares sobre a sua mesa.

Depois disso, ele beijou Luca no rosto muitas vezes.

— Mio dinheiro!— ele disse abraçando o saco preto.

Luca ficou emocionado.

— Ma come tu conseguiu uma astúcia dessa han?— Salvatore quis saber.

Luca sorriu ao perceber que o patrão misturava os idiomas. Isso era um sinal de que estava feliz também.

— Io sabia que o mio patrone corria rischio. Então fui a prendere os ratos!

Salvatore riu, vendo que Luca também misturava os idiomas. Eles estavam muito animados.

— Venha Luca amigo! Vamos tomar uma bebida e fumar um charuto!— Salvatore falava com uma mão segurando o ombro de Luca.

Os dois beberam e fumaram dando muitas risadas.

Nina voltou para o seu quarto rindo satisfeita. Estava tudo bem, mas uma vez, salvou a vida do pai.

No dia seguinte, o noticiário gritava a notícia de explosão do galpão. Muitas viaturas estavam lá e Valentim estava excitado com aquela notícia.

— Meu Deus do céu! Quando vão ligar a máfia italiana a essas explosões de galpões?— ele indagou apontando para uma das câmeras que lhe filmava.

Nina sorriu para ele brincalhona.

— Lindinho!!!— ela disse soltando beijinhos para ele, soprando com as mãos.

Depois de um tempo, ainda fez coração com os dedos das mãos e disse:

— Ti amo amore mio!

Nesse momento, Gioconda entrou no quarto nervosa falando:

— Nina, tuo padre si sente male, hein! Io non sei o que fazer numa situação dessa!

Nina revirou os olhos e se levantou da cama, indo atrás da mãe que desceu as escadas apressada.

Giulia abanava Salvatore com uma almofada e as criadas cobriam a boca com as mãos e tinham os olhos arregalados.

— Melhor chamar o médico dele mamma!— Nina disse indo para o telefone que ficava numa mesinha de canto.

Giulia e Gioconda falavam italiano o tempo todo, o que deixava as criadas mais nervosas, então Nina fez sinal para que elas se retirassem.

O médico chegou em alguns minutos.

Um senhor de óculos e silhueta esbelta. Usava preto e olhava sempre de rabo de olho.

Doutor Santiago, era discreto e nunca fazia muitas perguntas, apenas olhou para a televisão e viu o noticiário.

Ele olhou para Salvatore que desabotoava a camisa procurando fôlego.

— Porque o senhor ainda assiste essas coisas? — ele indagou sério para surpresa de todos.

Salvatore respondeu alterado:

— Ma ele citou il mio nome, doutor, ma ele quer me destruir!

Nina colocou a mão na cabeça. Ela sabia que quando o pai misturava os idiomas, não tinha diálogo.

Giulia se precipitou indo desligar o aparelho de televisão e disse voltando-se para o médico:

— Pronto doutor! Má io já desliguei isto! Má que droga de perseguição!

Nina olhou para a TV e suspirou aliviada. A voz do seu amado foi silenciada. Não estava conseguindo se concentrar na cena ali na sua frente.

Doutor Santiago trouxe um remédio para acalmar os nervos do seu paciente e receitou outros. Fez poucas perguntas quanto a rotina de remédio do seu paciente e se retirou.

Nina se virou para a mãe nervosa, nesse instante e começou a falar sem parar:

— Mamma, você falou para o médico que o meu papá está tomando os remédios certinhos e isso não é verdade! Ele não toma os calmantes, não toma os anticoagulantes e …

Gioconda a interrompeu:

— Ma io sei o que faço, Nina, me deixe em paz!

Nina acompanhou a mãe com o olhar, enquanto ela subia as escadas e suspirou nervosa, depois olhou para o pai que descansava no sofá.

Ela foi abraçar o pai falando:

— Papá, se cuida por favor! Precisamos de você!

Salvatore abraçou a filha emocionado e falou pensativo:

— Pode deixar minha bambina! O teu pai vai dar um jeito neste Valentim!

Nina ergueu o olhar assustada.

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